Raras estrelas e muito brilho
- Seu quartinho tá ficando lindo! - falei.
- Ah, vó, minha mãe é artesanato!
Entendo bem de criancês e suas pérolas.
Arte, artista, artesanato… me fizeram recordar de algo ocorrido comigo há tempos. Hora do intervalo na PUC Bh, agito total. Eu, caladinha, e uma colega de sala - discreta, educada - começamos uma conversa. Deve ter sido algo do tipo: - Você é de qual região? Descobrimos que somos de regiões próximas. Prosseguindo, ela me perguntou: - Você conhece Fulano? Puxei pela memória, arregalei os olhos, e, já prevendo minha ignorância, respondi acanhada: Humm, não. Ela, numa modéstia até então não compreendida por mim, disse-me. Ele é cantor. Omitiu, por pura elegância social, o famoso. Depois da aula, fui procurar saber com quem sabe das coisas. - Conhece nãoooooo?!, exclamou censurando. Sabe a música a, b, c, d,…? (sei - respondi feliz)… são, dele.
Confirmou-se o ditado: Onde há modéstia há valor. O cara, àquela altura, começo de campeonato, já era do circuito, Chico, Milton, Elis e Cia. Ltda. A colega - vi, senti - achou natural. Percebeu, pela conversa, que eu era pessoa simples, àquela época, trabalhando, estudando horrores, para mais à frente respirar ares de arte, de belo, de cultura.
No tempo do vinil, os encartes eram um plus importante: conheci o trabalho do gigante. Tão simples quanto a irmã. Assim é a constelação que abriga os grandes artistas: raras estrelas e muito brilho. Vida longa a você, J!