Imbróglio previsivel.
Imbróglio previsível
Era uma tarde de sol muito gostosa, quando uma amiga, também, já na terceira idade, convidou-me para tomar uma cerveja. Escolhemos como local para o bate-papo um parque tranquilo na região de Pinheiros.
A conversa começou com assuntos triviais. Coisa de amigos: como você está? Como vai a família, e assim ia a conversa.
Num determinado momento ela mudou o tom de voz, e disse-me: vou confidenciar uma aventura a você:
-Você me conhece e sabe que tenho muito amigos. Amigos do clube, amigos das aulas de dança. Enfim, sou uma pessoa que faz amizade fácil. E neste clima um desses meu amigo, um dos mais próximos, fez-me uma declaração surpreendente, disse: “quero namorar com você: Você aceita?”
Ela disse que, apesar da surpresa, como ele, apesar de mais de setenta primaveras, era muito simpático e atencioso, resolveu aceitar.
Segundo ela: este foi o pior sim da vida dela! A partir daí, o simpático amigo se revelou um homem controlador ao extremo. Passou a enviar-lhe mensagens o dia todo. Pela manhã, tarde, e a noite, até de madrugada.
Um autêntico controlador. Queria, porque queria, saber cada passo que ela dava. Fora que um dia ao levá-la de carro até a porta de sua casa, quis dar-lhe um” amasso”, como se fosse um verdadeiro adolescente.
Não havia passado nem um mês completo, e ele havia mudado da água para o vinho.
Ela ficou ainda mais desesperada, quando, as amigas contaram, que no grupo de watsapp ele havia postado mensagens insinuando que eles tinham tido intimidades, coisa que ela nega e afirma: são mensagens dignas do conceito de fake-news.
Sim - Isso foi a gota d’água, segundo ela. “Graças a Deus, eu acordei -Foi o suficiente para o fim do namoro, que nem deveria ter começado. Namoro não! Um “imbróglio” previsível, porque de acordo com um amigo comum, ele já era assim com a falecida esposa dele, com a qual ele viveu quase meio século.”
Pois é meu amigo, ela disse: Tive que bloqueá-lo e ainda tenho medo de que ele apareça na minha casa, ou me aborde no clube.
E pra ser sincera, nem mais frequento o clube e minha roda de amigos... estou até meio deprimida.
A conversa parou por aí, e sinceramente, eu disse a minha amiga; isso é um caso para aplicar a lei “Maria da Penha”, e nos despedimos...