As crônicas de Elize, parte 2
Não há como ter bons pensamentos sem dominar os maus. Tudo está interligado, são dependentes, necessárias, pois para dizer que venceu, é preciso ter passado por lutas, para dizer que está feliz, é preciso ter conhecido a tristeza, para dizer que está claro, é preciso ter conhecido a escuridão, uma depende da outra para que possamos ter a sensação de progresso, de avanço.
Elize então coçou a cabeça em dúvida, olhando em volta para a floresta que a cercava, a noite se aproximava, o silêncio aumentara, o medo também. Então em tom de ousadia, mas não esquecendo sua posição, pediu para ser levada de volta ao palácio, onde encontrou seus irmãos já adormecidos, afinal, na outra manhã seria a grande apresentação dos sábios do palácio.
- Asanete?! - chamou Elize olhando para trás - você virá amanhã para a grande apresentação?
- Virei Elize, mas você não me verá. Durma, descanse, a manhã logo virá.
Então virou-se e se foi, e a noite terminou em sonhos.
Na manhã seguinte, Elize foi acordada alegremente pelos seus irmãos mais novos, Anin e Bian.
- Vamos Elize - gritavam os dois - os convidados já estam chegando, olha quanta gente vieram ouvir nossos sábios.
Lá fora, reis, rainhas, príncipes e princesas, com toda sua côrte, de diversas línguas e nações, com suas riquezas e arrogâncias, haaaaa, uma ilusão aos olhos dos desatentos, um devaneio aos corações pobres.
Elize, Anin e Bian saíram apressadamente de seus quartos para se arrumarem, um movimento intenso predominava nos corredores do palácio, bandejas, garçons, costureiras, arrumadeiras, empregados em geral, todos estavam correndo, pois o salão já estava lotado.
Chegando as crianças então onde o rei se encontrava, foram convidas a sentarem onde seus lugares reservados já estava, no grande salão.
O bobo da corte animava os convidados, com seus pulos, cambalhotas, malabarismos, aplausos e risos eram ouvidos sem parar, tudo parecia bem, as comidas chegavam, os copos enchiam e esvaziavam quase que instantaneamente, os reis e rainhas pareciam alegres, mas um pequeno detalhe deixaram passar, que foi observado por Elize, o bobo da corte nunca antes tinha portado uma faca, e pela lei do rei ele era proibido de tal feito, então porquê ele possuía uma? Justamente naquele período de festividade, o que ele planejava ou temia?
Encerrada as brincadeiras, chegara a hora do rei se pronunciar, levantado-se de seu trono, o silêncio se fez notório
- Meus caros convidados - iniciou o rei - é um prazer revê-los aqui, lembro-me de vários rostos que a anos não vejo, mas que bom que vieram. Como sabem, uma vez a cada dez anos, os sábios de todas as nações se reúnem, e compartilham de conhecimentos, previsões são feitas para os nossos reinos que a anos vivem em paz, um brinde meus amigos, um brinde a paz.
Ao brindarem, com risos e alegrias, um grito pode ser ouvido ao fundo, todos assustados, correram em direção a tal barulho, encontraram no chão, já sem vida, o príncipe da terra de Arghia, e do lado, o bobo, que com prantos só dizia: foi uma brincadeira.