MEMÓRIA VIVA NA AMENDOEIRA (BVIW)

 

Tempo corrido. O dia todo. A semana também passou voada. Quase o trem se foi levando a chance da pontualidade britânica no curso. A sorte me estava favorável e entrei ligeira no vagão, conseguindo até me sentar.

 

Com a apostila no colo, ia estudando até que chegasse ao meu destino. Alguém me interrompeu perguntando se poderia sentar-se ao meu lado. A vontade foi a de responder com ironia, de que não era a dona do trem, mas a polidez me freou a dizer: - Senta aí.

 

A pessoa ficou com a cabeça virada para o meu lado, e eu olhando a paisagem em transição rápida pela janela a minha frente. A vontade de puxar assunto era grande, que logo iniciou a conversa:

 

- Repare nas amendoeiras. Em cada lugar está de um jeito. Veja, nesse bairro ainda sem folhas, logo mais à frente é provável que esteja em floração ou já com folhas secas.  A árvore tenta se adaptar ao clima. Sabe por que disso? Ela não é originária do Brasil, é nativa do oriente médio. 

 

Conforme o rapaz ia dizendo, fui lhe dando atenção, pois notei que falava com propriedade sobre o assunto. Soube, depois, que era estudante de engenharia agronômica. Fez todo sentido! Após esse encontro fortuito, toda vez que vejo uma amendoeira, me lembro dele.