Na Casa do Grito
Estive numa visita monitorada à "Casa do Grito" e "antes não tivesse ido" como diz o verso do "Chico Mineiro".
Brincadeira (em parte); é só uma introdução. O passeio foi muito legal!
Mas o monitor, cheio de boas intenções, já começou dando sua visão do público com questionamentos tipo "alguém sabe o que aconteceu nesta área em 07 de setembro de 1822?" (Ele parte do princípio que ninguém sabe e, quem sabe, pra não posar de sabichão devido à obviedade da pergunta se cala, já quem não sabe aguarda na moita a explicação, afinal ninguém quer se expor / ser exposto dessa forma rasteira) ou então "vocês acreditam que esses acontecimentos foram reais, heróicos?" E, a essa última pergunta, ele mesmo respondia "nada! Tudo fantasia do pintor Pedro Américo e historiadores". Ou seja, o monitor já detona o produto que deveria vender com orgulho (como afirmou o ministro Barroso "é preciso manter a liturgia do cargo") e pior, tinha adolescentes e crianças no grupo.
Sou a favor de mentiras, de censura? De desvirtuar a realidade? Claro que não!
Mas ali não era o lugar nem o momento de desmentir a história oficial. Quem foi ali foi pra sonhar um pouco com outros tempos. As crianças que ali estavam queriam acreditar no heroísmo.
Imaginei aquelas festas natalinas em que o papai Noel gorducho se esfola pra descer pela chaminé (digamos que ainda existam chaminés!), os olhinhos da criançada brilham de emoção aí um gaiato anuncia "papai Noel nada, é o tio Juca". Pronto; acabou a alegria!
É isso. Grandes museus do mundo dispensam monitoramento estraga-prazeres; penso que estão corretos!