ÚLTIMO DESEJO

Não sei quem vai conduzir meu féretro até o destino que me cabe e a todos nós nesse latifúndio, mas sabe, pouco importa, eu não saberei mesmo. A quantos estiverem no velório, se houver, já de antemão agradeço e faço um pedido, na verdade trata-se de pequeno favor. Preguem o evangelho e cantem hinos de louvor ao nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, revelem aos presentes, caso haja, que Ele é o único caminho para a salvação eterna, que ninguém chega ao santo Pai a não ser por intermédio dEle.

Suplico aos amados familiares que não briguem pelo espólio, fujam da disputa, da confusão, do desgaste e das lágrimas. Nem vale a pena esse tipo de atitude, são tão poucos os bens adquiridos por mim ao longo da vida. Talvez seja de bom alvitre expressar minha vontade no tocante aos quinhão de cada um enquanto ainda estou por aqui.

Umas poucas poesias para os filhos, algumas crônicas divididas entre a futura viúva, cinco ou seis contos destino aos netos, o único livro com subsídios históricos da derrota de Lampião em Mossoró deixo para os bisneto juntamente com os demais livros de contos, poesias e crônicas. Só isso, pronto, tudo dividido de forma equânime.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 09/09/2024
Reeditado em 09/09/2024
Código do texto: T8147485
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