UM CASAL PREDESTINADO AOS ATRASOS
Este que passo a relatar, pelo menos, no dia do casamento ninguém chegou atrasado. Pelo o contrário, o casamento dos dois foi atrasado por motivos alheios à vontade de ambos, isto é, o casamento anterior sim, é que começou com vários minutos fora do horário agendado. Mas vamos ao que interessa. Quando o assunto é viagem de turismo aí a coisa muda de figura. Longe de combinar nada, este casal em questão, amiúde, sempre foi envolvido em pequenos transtornos por algum descuido com relação ao tempo e, para engrossar o caldo, alguns imprevistos que vão surgindo na caminhada dos dois rumo a concretização de uma viagem. E é neste momento que, nenhum diretor de cinema registraria uma atrapalhada tão perfeita e sem ensaio, diga-se de passagem, numa cena de atraso em algum aeroporto. Tanto é verdade que, o casal em evidência, com tanto tempo a disposição, enquanto estava numa área de lazer do hotel, só para citar um exemplo, resolveu se deleitar da tranquilidade de redes armadas e convidativas para um rápido descanso. E assim o fez. Só que a paz era tanto que os dois foram traído por morfeu e quando se deram conta saltaram aos pulos daquelas acomodações e pernas pra que te quero. E começou aí a luta contra o tempo para pegar o avião. Neste ínterim, o trânsito moroso já começou a mostrar suas garras. E à proporção que a ansiedade ia aumentando o ponteiro dos relógios fazia questão de ganhar a tal corrida contra o famigerado tempo que se esgotava. A fila que o casal se deparou para o embarque era quilométrica, mas pelo cálculo iria dar tempo suficiente. Ah, que alívio. Isto foi que os dois pensaram erroneamente. Quase tudo pronto, eis que o sistema preventivo detectou algo estranho na mala do casal. Ferrou. Espera daqui e dali, enquanto aguardava a liberação do passageiro seguinte, o tempo não queria saber disto. Ia disparando. Pronto, vamos perdeu o voo. A mala é aberta: uma lata de refrigerante foi o empecilho. Retirada do caminho do transtorno e ao ouvir o nome do casal atrasado, para não dizer, atrapalhado pelo serviço de alto-falante, ele resolveu deixar a parceira um pouco para trás e correu, levando inclusive alguns objetos nas mãos rumo ao portão de embarque quando uma funcionária no local ao perceber aquela cena quase cinematográfica ainda gesticulou pode vir rápido, pois eu já ia fechar. Obrigado, mas a minha noiva está vindo ali e por alguns segundos ela ainda conseguiu segurar o portão aberto. Ufa. Agora pensa num casal exausto entrando num avião para via gem de várias horas em assentos separados e no mesmo relato de ambos para os seus respectivos novos companheiros desconhecidos. Seria trágico se não fosse cômico. É a vida.