Esperança

     Nuvens escuras, acinzentadas cercaram toda vista em volta e encobriram o céu. O sol solitário no firmamento não foi mais visto por dias, e quando aparecia era por escassos momentos, dava o seu sorriso amarelo-avermelhado depois desaparecia no horizonte. A lua chegando momentos depois, pálida em seu sorriso minguante, piedosa refrescante, trazendo esperanças de agradável descanso. Logo desaparecendo tímida, reprimida em seu canto a chorar pela inutilidade do seu intento.

     Outrora, no mundo de antes, todo nosso viver, multiplicar e morrer eram temidos e devotados, ora aos astros do céu, ora às forças da natureza. Havia um respeito e um medo, havia a necessidade de preservação e auto-preservação.

     Acontece que, de repente, nada mais disso importa e o brilho do céu, o frescor e a vida da natureza perderam lugar à um mundo irreal, irrefletido, impossível. E esta criatura que antes era a mais nobre e importante da criação? Não sei...eu nunca sei, não é verdade? Talvez...sim, a mais importante, porque sabia e sentia que era, se esvaziou dessa importância e se igualou aos irracionais para tentar se sentir ainda mais importante.

     Sempre em busca do mais, algo mais, sempre mais. Para quê? Simples, esta eu sei a resposta, é para tentar preencher o vazio que conquistou ao tentar se sentir mais importante do que realmente era, e é ainda.

     Agora, o sol e a lua, e todo o resto da natureza viram as costas àquele que, antes de mais nada deveria ser o seu protetor mais importante. Este ser que sabe que sabe, mas não sabe o que é...

 

Josemar Fonseca
Enviado por Josemar Fonseca em 07/09/2024
Código do texto: T8146570
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