Rabo de saia
Na janela do tempo, todo mundo motorizado, em suas bicicletas. Em plena ascenção da juventude, podia se ver meninos como Marco, Júnior, Robertinho, Pilão, Marivaldo e Rubinho, que acabavam de chegar de um passeio maiúsculo, de bicicleta, pelas praças do centro da capital.
E bem no canto da Brotinho com a Pedro Álvares Cabral davam umas últimas voltas ou planejavam algo para outro dia, quando apareceu uma morena, toda engraçadinha indo no rumo do Barreiro.
Os meninos em coque pit, num bando como sempre, se assanharam e começaram a assediá-la, que rindo das oferendas graciosas daquela turma sem querer, ela deu asas a confiança.
Na vanguarda das iniciações Pilão, como sempre foi o mais atirado e falou eliminando a concorrência:
- Oi amorzinho, posso te levar na garupa?
Exibindo aquela monarque, que ele em muitas vezes fazia suas acrobacias, enquanto os meninos ficaram a parte observando, qual a resposta da garota pra poderem talvez encarnar.
E a menina disse:
- Você vai mesmo me levar?...
E ele mais confiante de que iria se dar bem confirmou dizendo:
- Levo sim, onde você quiser. Onde você mora?
Então ela falou:
- Moro lá no Barreiro.
Barreiro é um dos bairros de Belém, uma periferia, que fica imprensado como um distrito aparte, cercado pela rodovia, Sacramenta e o Telégrafo. E na época era mais do que perigoso. A fama transcendia o mais simples temor de qualquer mãe e daqueles meninos, que embora morassem na periferia do Telégrafo, já eram domesticados. E quando a mocinha falou onde morava, pegou todos de sobressalto e a reação não podia ser diferente do que foi.
Um passo arredio de cavalo emburrado, pra não ir a lugar nenhum.
Pilão se vendo em aflição momentânea, olhou a turma como se a pedir apelando, mesmo imaginando a resposta disse:
- Vamos lá turma deixar a menina, na casa dela?
E cada um em seu cavalo de aço começaram a unir as resposta como num quebra cabeça, para unanimizar assim:
- Té doido é... Barreiro logo. Já tá escurecendo e logo vai anoitecer, pra lá é muito perigoso. Só se for pra gente voltar sem as bicicletas. Não Pilão. Sentimos muito. Mas lá no barreiro não iremos.
A mocinha ouvindo a negativa, para não comprometer ninguém falou assim:
- Deixe moço, que eu estou acostumada. É melhor mesmo, você ficar com os seus amigos.
Pilão pra não voltar atrás da sua decisão e também por causa da menina concluiu:
- Tudo bem. E eles não vão, mas eu te levo. Sente na garupa.
No ápice das horas Robertinho, que estava com a turma se preocupou e disse:
- Pode deixar Pilão em vou contigo.
Assim sendo os três se despediram do resto da turma e seguiram rumo ao Barreiro, pra encarar uma aventura, como naquelas historinhas, dos filmes de Hollywood, onde o artista e seu parceiro vão enfrentar os bandido numa fronteira desconhecida. E eles seguiram, entraram numa rua e passara com suas bicicletas, ainda com o céu claro pela ponte de madeira sobre o rio.
Do outro lado da ponte, o desconhecido, pois Pilão e nem Robertinho haviam pisado ali seguiam firmes os seus propósitos, até que em dado momento, depois de horas adentro do bairro a moça falou:
- Parem meninos. Está bom até aqui. Pra lá não os aconselho entrar.
O bom senso obediente ouvindo aquela nova proposta veio a cabeça dos meninos como uma luz irremediável, onde os dois sem contestar aceitaram de imediato.
Pilão abraçou a moça e ela sumiu na escuridão como se nunca a tivéssemos visto. A sensação naquele local, mesmo com as pessoas passando pela rua, era de completa intranquilidade, e os dois se olharam como a comercializar a velocidade pensaram e disseram juntos:
- Vamos voltar chutados daqui.
Deram a curva nas bicicletas e saíram em disparada, como aqueles cavalos do velho oeste Americano em território hostil fugindo da perseguição indígena. Embora no caso deles ficasse no campo da imaginação.
Seguiam velozmente, por aquela estrada despida de asfalto, onde o Pilão ia na frente e o Robertinho atrás, quando estavam se aproximando da ponte, Robertinho sentiu cair um arame da garupa de sua bicicleta. De imediato ele se atreveu a parar para procurar, mas resolveu deixar pra lá, pois estava escuro. Enquanto isso Pilão corria desenbestadamente na frente e ao chegar na ponte notou uns tipos estranhos fumando alguma coisa naquela escuridão. Se não era, estava bem próximo de ser conhecido, o famoso grupo do pedágio.
O medo associado ao desespero trouxe a baila interpretações, talvez equivocadas, mas que eles não quiseram parar pra saber. No momento de entrar na ponte Pilão entravou o pneu de sua bicicleta e do grupo, que estava lá, saíram dois elementos chegaram juntos e disseram:
- Pode deixar que a gente te ajuda.
Num tom meio sinistro, mais pra desconhecido, que solidário, que de imediato foi repelido pelo Pilão nervosamente dizendo:
- Obrigado, mas pode deixar.
Na sua cola Robertinho chegou e tratou de levantar junto ao amigo a bicicleta, que eles dois até hoje, nem sabem como passaram em disparada por aquele grupo.
Quando chegaram na rua do Fio, os seu amigos quiseram saber como tinha sido a aventura. No que não se podia negar ou mudar o rumo da prosa, visto os dois estavam suados abessa, cansados e atemorizados. Mas felizes, que entre mortos e feridos, eles estavam salvos.