Juremir Machado: o jornal impresso

 

O jornalista, historiador, escritor e sociólogo Juremir Machado da Silva é um dos meus bruxos na imprensa gaúcha, um cara do qual eu procuro saber a opinião sobre as coisas, assim como a do jornalista e escritor Moisés Mendes e do jornalista, historiador e escritor Eduardo "Peninha" Bueno. Conheci seus textos nos anos 1980, na ZH - época de seu famoso embate com o Veríssimo. Depois, assinava o Correio do Povo só para ler sua coluna, principalmente os especiais de sábado, até o bipolarismo esquerda x direita o defenestrar do jornal alinhado com o bolsonarismo, em 2022.

 

Pois hoje acabei de ler um texto seu no jornal Matinal, "Nelson Sirotsky e o futuro da RBS", onde escreveu sobre um tema que me é caro aqui no Portal: o futuro do jornal impresso. Muitas coisas interessantes ele informou: "Nelson [NR - que quase morreu de covid e repensou sua vida] retomou a gravata e a jaqueta e embarcou no jornalismo em meio ao furacão das mutações tecnológicas. Entregou que se discutia antes da sua volta o fim da edição em papel de ZH. Admitiu que sem prêmios para leitores o Diário Gaúcho não existiria". Uau syl!

 

Mais: "Para eles, que defendem atender o gosto do público acima de tudo, o gosto do público mais velho é o único que não deve ser satisfeito. O etarismo é uma ideologia feroz. A justificativa pretensamente racional é que se deve preparar o público de amanhã, no caso, o leitor de jornal. Tempo perdido: o jovem de hoje não lerá 'papel' amanhã. Acabou. Em contrapartida, há um público mais velho que ainda vai viver 30 anos. Esse nicho deve ser ignorado ou desafiado a ser jovem? Não se pode dar a ele o que ele pede, com algum molho de inovação?".

 

Exatamente isso! Concordo 100%. Claro, quem ler o texto na íntegra entenderá mais claramente os argumentos de Juremir. Aqui no Portal, faço o contrário: escrevo no digital como se fosse no impresso, atingindo principalmente um público 30+, suponho. Não dá para parecer ser isso ou aquilo, a gente é o que é e pronto, isso pautando a seriedade, a veracidade e a legitimidade de nossa escrita.

 

Também existe a questão da abrangência do conteúdo: como cronista, priorizo o intimismo próprio das crônicas enquanto gênero literário e as coisas do meu bairro, cidade e região, pois é o meu nicho, a parte e a tarefa que me cabem e igualmente interessam literariamente. Escrevendo sobre o RS, o Brasil e o mundo já temos caras como o Juremir.