A Culpa é da "Insônia"!
A conversa surgida em um churrasco de sábado à tarde em família, ficou adormecida, não esquecida nos dias passados; ressurgiu-me na memória nesta madrugada de insônia. Insônia justificada nas muitas horas já dormidas, castigo para quem cede ao sono cedo demais.
Em meio a tantos entendimentos sobre tantas coisas, falávamos lá no churrasco, da resistência ao novo, das dificuldades que temos em aceitar as mudanças inevitáveis, que sempre vieram e sempre virão. Obviamente, a questão cultural foi destaque na conversa, surgindo-me a oportunidade de mencionar a peça A Sagração da Primavera do Igor Stravinsky, que em sua estreia em Paris, em 1913, causou um grande escândalo, com vaias por parte do público provocando interrupções da execução. Era o início da Modernidade.
Lembrei-me da peça, pois na faculdade estudei sobre ela, e do que me lembro, ao ouvi-la naqueles dias, fiz o comentário de que a sinfonia parecia uma premonição do Stravinsky em relação à primeira grande guerra, que teve início no ano seguinte, 1914.
Retornando para a minha madrugada, para a minha “insônia”, resolvi então ouvir novamente a referida sinfonia. Ouvi com mais cuidado, e a impressão que tive é a de que a Primeira Guerra foi um filme e a Sagração da Primavera foi a trilha sonora desse filme. Não é loucura imaginar que todas as trilhas sonoras de suspense que vieram nas décadas seguintes não sejam variações ou cópias da Sagração da Primavera.
A conclusão é que o mundo não para, que “o novo sempre vem”, que tentamos conservar tudo aquilo que acreditamos ser o bom e o ideal, sem nos atermos que, no meio desse “bom e ideal” existe muito lixo que precisa ser varrido da história; destaco entre esse lixo, a miséria, a fome, que absurdamente ainda assolam este nosso tão generoso Planeta Terra.