Eu quero ver as flores nas manhãs de Setembro.
Quando setembro chegar…
Ah, como setembro é esperado. Adeus Agosto, salve Setembro! Mês de dar boas vindas à uma natureza verdejante, salpicada de botões em flor, de todas as cores. Jardins em festa, floresta encantada com a alegria das abelhas em busca do néctar das flores. Assim, estávamos todos acostumados a esperar o fim do inverno.
No entanto, vimos o fogo destruindo o que foi semeado, o que foi produzido. Mãos criminosas se aliaram à falta de chuva e o calor escaldante. O céu que era para ser azul se tingiu de cinza, sufocando o ar inspirado pelos Homens e animais. Uma fumaça densa ofuscou a claridade do horizonte e dos caminhos. Fuga desordenada dos animais, encurralados por labaredas perderam a vida.
Vidas ceifadas. Alimentos negados ao prato de toda uma população. Mentes deformadas por falsas ideologias. O caos instalado sem remorso.
O que fizeram com as nossas manhãs de Setembro? Cadê as chuvas ao final da tarde refrescando o chão para esperar pela dormência das sementes na terra tombada pelo agricultor?
Numa tarde se fez tarde de tristeza, o mundo se fechou lá fora. E nós não podemos nos guardar na indiferença, temos que sair e gritar a nossa indignação. Não podemos permitir que nos roubem as manhãs de Setembro.
Eu quero sair, eu quero gritar, mas não vou embora. Este país é de todos nós! Eu ainda quero ensinar meus pequenos a cantar nas manhãs de Setembro!
Eu quero ver as flores!
Estela Maria de Oliveira
02/09/2024