CHANCE ÍMPAR PARA SE DEPARAR COM UMA ALMA DO OUTRO MUNDO
Reconheço que o título desta crônica é longo e até horripilante, mas foi o único meio que encontrei. E foi um fato que ocorreu comigo na primeira parada das minhas férias lá no Piauí. Após vários anos ausente dos familiares e morando em São Paulo, de repente resolvi fazer uma visita surpresa aos parentes. Ninguém lá estava sabendo deste rápido passeio. Tanto assim que, devido a minha situação financeira precária naquele momento, não consegui levar uma mísera lembrança para ninguém. Fui só com a cara e a coragem, como se diz. E bota coragem nisto. Prova é que, logo na primeira visita a uma irmã que morava num povoado, ou seja, num lugar bem humilde com apenas 500 habitantes já passei por um perrengue alheio a minha vontade. O motorista do ônibus usou de má fé e ao invés de me deixar no local combinado, no centro daquele povoado chamado Patos, simplesmente pediu para eu descer na estrada que ficava próximo e me indicando apenas um caminho por onde eu chegaria lá. Como eu já tinha morado há muitos anos ali, para não criar caso ou discussão, desci do ônibus e saí com a minha mala por aquele caminho inóspito e silencioso sendo apenas iluminado pelo clarão de uma lua estampada no firmamento. Apesar do clima abafado e tórrido peculiar ao nordeste, à proporção que andava fui sentindo um frio horripilante e misterioso invadindo o meu corpo até chegar ao centro daquele lugar onde todos dormiam, pois era madrugada. Depois que fui recebido por minha irmã e cunhado e contei do ocorrido eles boquiabertos só me perguntaram:
- Mas você não ouviu ou percebeu algum vulto no momento em que passava por aquele lugar?
- Sinceramente, não. O silêncio era tanto que eu só conseguia ouvir o barulho dos meus passos na reia da estrada.
- Pois você é um predestinado, meu irmão. O seu anjo da guarda é muito forte e lhe protegeu.
- Do que você está falando? Anjo da guarda/ protegeu-me de quê?
- Este local em que você sentiu um grande frio no seu corpo não era outro senão o cemitério daqui. E segundo o povo conta, ali tem gente enterrada em cova rasa.
- E o que significa isto?
- Ora, falam que dependendo do dia ou da hora ou da pessoa que passar por ali, a alma daquela pessoa solta um murmúrio pedindo para voltar a viver, pois foi mal enterrada.
- Só mesmo por aqui pra acontecer estas coisas....finalizei aquele papo fantasmagórico.