Andarilha

O que a vida quer de nós? Onde nossas escolhas nos levam? Abdicar totalmente de um aspecto da vida por outro vale a pena? Sentir por alguém algo puro e forte apenas com esperança é sustentável? Até quando?

Infância feliz, sem pais, com tios, tias e avó ao redor educando e regrando uma vida doce de passeios, rua de lazer, lição de casa e festas.

Sem perceber a adolescência chega, chegam as ausências, a rebeldia, responsabilidades e situações indigestas.

Primeiro grande amor, casamento, faculdade, emprego, gravidez e a escolha de uma vida modesta.

Ser mãe com todo amor, presença e tempo de qualidade, por duas décadas, época de aprendizado e dedicação que foram aparando as arestas.

Missão cumprida. Filhos bem criados. Pais separados.

Agora sem muito tempo pra si, sem muita vaidade, sem desejos, sem sonhos, sem viver de verdade, lançando-se na imensidão da superficialidade, perdida e com uma intensidade não entendida; vive só em meio ao trabalho, estudo, a muitas amizades e investidas.

Sente-se como na música de Chico Buarque "Flor da Idade" onde Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo que amava Juca que amava Dora.... Que amava toda a quadrilha.

Sem direção, numa confusão, só caminhando.... Andarilha.