QUANDO OS LIVROS SERVEM DE TRAMPOLIM
Todos sabemos que a finalidade precípua de um bom livro é ser coadjuvante na formação intelectual de qualquer pessoa de bom gosto e determinação. Desde os mais tenros anos de idade,após despertar o gosto pela leitura que, na medida do possível sempre procurei, paulatinamente, guardar os poucos livros que chegavam às minhas mãos. Só depois que comecei a trabalhar foi que a minha sede por adquiri-los foi aumentando e quando menos esperava a minha modéstia biblioteca já tinha quase mil volumes. Por este tempo, quando me casei, mesmo ciente de que a minha esposa não demonstrava muito amor aos livros, por outro lado também, não lhes tinha nenhuma ojeriza. Só lembro que quando recebia alguma visita sempre ouvia a fatídica pergunta: Nossa, aqui mora algum advogado? E ao ouvir um não, a outra pergunta que não queria calar: Mas, ele já leu todos?
Bem, o certo é que na várias mudanças domiciliares que fiz, antes de sair o meu apartamento definitivo, sempre ouvi também esta mesma pergunta das pessoas que me ajudavam no transporte das várias caixas com os volumes.
E a minha resposta era sucinta: Não, só o essencial. Há muitos livros aqui que são apenas para pesquisas. Porém, além destas inúmeras utilidades, algumas vezes, eu percebia a minha esposa se apoderando de alguns mais volumosos e nem me assustava. Pois logo sabia que, na ausência de uma escada e devido a sua pequena estatura, ela os utilizava para alcançar algumas prateleiras no momento da sua costumeira limpeza. Então, pegava o Michaelis, o Houaiss e outros de alguma enciclopédia e então ficava mais alta, fisicamente. Por respeito à fé ou religião, não sei dizer, ela só não pegava a Bíblia da edição familiar, que era o livro mais volumoso da estante, sem esquecer que era o mais importante e essencial em todos os quesitos, diga-se de passagem.