Entre Sem Bater - O Otimista
Dilbert (by Scott Adams) disse:
"... um otimista é simplesmente um pessimista sem experiência de trabalho ..."(1)
É provável que Scott Adams tenha opiniões muito diferentes daquelas de seus personagens principais(*). Na realidade, grandes cartunistas sempre costumam passar algumas de suas opiniões através de seus personagens. Entretanto, a opinião destes autores, seja otimista, pessimista ou realista, é muito do que a sociedade vive, ou da realidade. Dilbert, Dogbert e demais personagens (poucos) das histórias de Adams são a pura realidade.
OTIMISTA
A natureza humana(2) pode nos surpreender muitas vezes. Contudo, algumas representações que os humanos adotam não provocam a mínima reação de surpresa, pois são previsíveis. Assim sendo, a ideia de Dilbert sobre o otimismo dos tolos(3), embora seja humor, tem uma grande parcela de verdade e realismo.
A trilha "Entre Sem Bater" aborda, frequentemente, os temas principais do comportamento humano. Deste modo, o otimista, o pessimista(4) e o realista estarão presentes, desqualificando-os diretamente ou de maneira subliminar. Analogamente ao conteúdo das histórias de Adams, esta série de textos apresenta doses de humor e sátira. Eventualmente, acontece que muitos leitores não entendem, e se reconhecem no realismo ou na ficção.
A vida, como ela é, não deveria ser sempre otimista e nem pessimista, deveria ter a medida certa de realismo e conhecimento. A batalha de ideias entre o otimista e o pessimista não existe, os dois são uma coisa só, e brigam com a realidade. Aceitem que dói menos.
GUERRA DO REALISMO
A dualidade entre o otimismo e o pessimismo é, inquestionavelmente, uma característica marcante da natureza humana. Ambas as perspectivas apresentam-se em oposição, mas, curiosamente, coexistem dentro da mesma pessoa. A diferença é que a opinião varia de acordo com a conveniência do momento ou a abordagem de um tema específico. Essa oscilação entre otimismo e pessimismo reflete a complexidade da mente humana e uma adaptação às circunstâncias da vida.
Podemos, por exemplo, fazer uma demonstração simples e elucidativa quando temos um copo com água pela metade. Um indivíduo, se estiver com pouca sede, dirá: - que ótimo, água! Este mesmo indivíduo, com muita sede, dirá: - só meio copo com água? não é suficiente. Desta forma, a mesma pessoa é como a água, adquire, certamente, a forma do frasco que a contém.
Esta é a guerra, a realidade indica somente que temos um copo com água pela metade, e que nem pode ser potável.
OTIMISTA E PESSIMISTA
O otimista é, por definição, aquele que enxerga o lado positivo das situações. Em suma, ele acredita no potencial de crescimento, nas possibilidades de superação e no futuro promissor. O pessimista, por outro lado, caracteriza-se pela ênfase nos riscos, nos obstáculos e nas possíveis falhas que podem surgir ao longo do caminho. Com toda a certeza, ambas as perspectivas têm suas perspectivas de evolução e pontos positivos. O otimismo pode impulsionar a ação e motivar a superação ou justificar o trabalho que se realizou em função desta perspectiva. Enquanto o pessimismo pode servir como um alerta para os perigos e preparar para eventualidades negativas.
No entanto, o que se observa é que as pessoas, muitas vezes, alternam entre essas duas posturas, dependendo do contexto e de seus interesses. Um indivíduo pode ser otimista ao falar de seus próprios projetos, enfatizando as possibilidades de sucesso e minimizando os desafios. Ao mesmo tempo, pode adotar uma postura pessimista ao analisar as ações de outras pessoas ou os resultados de empreendimentos alheios. Desta forma, pode destacar os riscos e as falhas potenciais atribuindo-as aos pessimistas e críticos.
Essa alternância não é, sem dúvida, apenas uma questão de personalidade. É, sobretudo, uma questão de conveniência, uma forma de moldar a narrativa de acordo com os interesses em jogo. Um escapismo típico e comum em nossa sociedade moderna e digital.
Esse fenômeno revela que otimismo e pessimismo não são necessariamente posturas fixas e imutáveis, mas sim perspectivas estratégicas. A flexibilidade entre essas duas abordagens como forma de proteger o ego parece ser uma atitude normal nas redes sociais. Desta forma, manter uma sensação de controle sobre as situações ou influenciar a percepção dos outros sobre tudo, é aceitável por todos.
CRÍTICA REALISTA
Entretanto, essa alternância entre otimismo e pessimismo não é isenta de críticas realistas e com fundamentação em fatos. Quando essas posturas convenientes surgem, elas distorcem a realidade, criando uma visão parcial ou meias-verdade. É aqui que surge, indubitavelmente, o papel do realismo, como um contraponto necessário a essa dicotomia.
O realista é aquele que procura observar os fatos com equilíbrio, sem se deixar levar pelo entusiasmo e otimismo, nem pelo desânimo do pessimismo.
Em suma, o realismo implica numa análise objetiva das situações, a partir de dados concretos e em uma avaliação honesta da situação. O realista não ignora os riscos, mas também não se deixa intimidar por eles. Adicionalmente, reconhece as oportunidades, mas não se ilude com promessas ou visões ufanistas e sensacionalistas.
Essa postura de equilíbrio é fundamental para tomar decisões com mais acertos, que avaliam os aspectos positivos quanto os negativos de cada situação. Por exemplo, em anúncios e promoções de grandes ganhos com investimentos em criptomoedas, o realista enfrenta os dois lados da moeda. Os otimistas que projetam lucros fáceis e rápidos e os pessimistas que criticam a partir de modelos de "correntes" e "pirâmides".
EQUIDISTÂNCIA
A chave para o realista ser um indivíduo que não tem a simpatia do otimista e do pessimista é a equidistância.
Manter-se equidistante dos interesses que o otimismo e o pessimismo podem privilegiar é, sem dúvida, a receita para ter equilíbrio. Enquanto o otimista e o pessimista sofrem influência de desejos, medos ou preconceitos, o realista tem uma compreensão imparcial da realidade. Com toda a certeza, isso não significa que o realista seja frio, indiferente, prepotente ou arrogante. Significa, em outras palavras, que ele é capaz de separar suas emoções da análise dos fatos, evitando distorções por suas preferências pessoais.
Essa capacidade de ser equidistante é o que torna o realismo uma abordagem valiosa no mundo das narrativas pueris e de segunda mão.
Como se não bastasse, no mundo da polarizações crescentes(5), cada vez mais recorrentes, é essencial ter altas doses de realismo. Nas redes sociais, onde o otimismo e o pessimismo determinam a popularidade da pessoa, a situação é mais crítica. Atualmente, interesses políticos, econômicos ou ideológicos superam todas as tentativas de ser realista. Assim sendo, o realismo deveria surgir e ter incentivo como um antídoto necessário para a polarização. Ele permitiria que as discussões partissem de fatos e não em opiniões extremistas, com um possível debate mais sério e inteligente. #SQN
PASSA A RÉGUA
Portanto, o otimismo e o pessimismo desempenham papéis importantes na forma e atitudes da maioria das pessoas. Infelizmente, são como uma máscara em defesa daqueles que variam suas vidas de acordo com a direção do vento. Como interpretamos o mundo, é, certamente, o realismo que oferece, numa perspectiva verdadeiramente equilibrada e justa. Ele nos desafia a enxergar a realidade em toda a sua complexidade, sem nos deixarmos levar pela conveniência ou pelo viés das narrativas.
Dessa forma, o realismo se torna não apenas um contraponto ao otimismo e ao pessimismo. É, sobretudo, uma ferramenta essencial para a tomada de decisões mais sábias e diferenciação neste confuso mundo digital.
Em tempo: como se não bastasse uma pessoa ser otimista ou pessimista sem nenhuma razão, ainda querem nos convencer que o mundo tem salvação. Este povo não tem nenhuma experiência de vida e se acha a última Coca-Cola gelada do deserto. #VadeRetro !
"Amanhã tem mais ..."
P. S.
(*) Além de Dilbert, os principais personagens de Scott Adams são: Dogbert, Alice e um estereótipo de chefe. A história e inspiração de Scott Adams para os tipos que criou são uma curiosidade interessante e lúdica. A maioria das pessoas que trabalha ou trabalhou em escritórios se identifica com os personagens.
(1) "Entre Sem Bater - Dilbert - O Otimista" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/08/30/entre-sem-bater-dilbert-o-otimista/
(2) "Entre Sem Bater - Saramago - Natureza Humana" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/05/17/entre-sem-bater-saramago-natureza-humana/
(3) "Entre Sem Bater - Norman Vincent Peale - O Otimismo dos Tolos" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/08/22/entre-sem-bater-norman-vicent-peale-o-otimismo-dos-tolos/
(4) "Entre Sem Bater - Saramago - Pessimista" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2023/02/02/entre-sem-bater-saramago-pessimista/
(5) "Entre Sem Bater - Brenda Lee Strong - Polarização e Ruína" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/08/29/entre-sem-bater-brenda-lee-strong-polarizacao-e-ruina/