MINHAS RAÍZES, MINHAS ORIGENS
Tempo
Passado ... presente ... futuro
Ou, quem sabe, uma “ilusão cronológica” onde nele tudo se mistura
E nele s’encontra:
O antes, o agora e o depois
Mas a verdade é que cad’um [de nós] tem uma preferência
Ou o presente (sendo poucos) já que quase ninguém co’ele se importa
E, porque não se importa, não s’entrega ... a ele
E destarte prefere os outros
Que, em verdade, não moram “no agora”
E vivem assim:
Do passado que já foi embora
Todavia, visto que lembrado é, não desapareceu ... e não morreu (por completo)
E do futuro, o qual ainda não chegou
E que para muitos nem virá
Bom, lembro-me aqui quando estava conversando co’a minha mãe, em sua casa
Ela que tinha uma inegável predileção pelo passado
Dona d’uma memória incrível, a qu’eu não conhecia outra igual
E de cada detalhe recordava (no que foi o pretérito de sua vida)
Eu, particularmente, tinha um imenso prazer em ouvir suas "vitais histórias"
Que eram igualmente suas “estórias de vida”
Estávamos a olhar várias fotos antigas
Os chamados “retratos”
E todos com suas características gráficas:
Papel resistente, caprichosamente adornados nas bordas
E, é claro, em preto e branco
Ah! Os retratos
Pois bem, irei dizer uma coisa aqui nest'hora:
Apesar de que vivemos n'um tempo incrivelmente sofisticado
Sobretudo em se tratando de técnica e imagens, eu ainda prefiro mais as fotos do que os vídeos
Por estes dias me pediram para restaurar imagens de fotos antigas, e vejam como eu respondi:
Meu amigo, você quer saber a minha opinião?
Se você quiser que a foto fique "perfeita" eu posso até realizar o seu desejo
Sim, eu posso colocar cores, melhorar a sua qualidade visual e fazer outros retoques
Porém, tem uma coisa:
Isto irá perder o que de melhor há n'uma foto antiga, que é a sua originalidade
Pois bem, retornemos à prosa qu'eu estava tendo com a minha mãe
E naquel’hora estávamos a fazer uma viagem no tempo [pretérito]
Um período antigo o qual ela [literalmente] viveu, embora eu não
Pessoas, estilos, trajes, hábitos a marcarem um período
Achei interessante que n’algumas fotos ela mesma não chegou a conhecer alguns personagens
Eram os seus avós
Perguntei-a sobre nossas origens
Ao que ela me disse que eles vieram para o Brasil fugindo da guerra (que na Europa
se assolava, e a devastava)
E que vieram da Áustria
O que certamente justificava a origem do nome: “Hovadick” e “Machalla”
Bem, pelo período das fotos, percebia-se que fora, na verdade, anterior à Primeira Grande
Guerra
E que eles vieram para cá de navio, junto com outros refugiados
Sim, a palavra certa era esta mesma: “refugiados”
E nest’instante é bom saber a diferença a se ter entre “emigrante” e “refugiado”
Ainda que haja similaridades
Um “emigrante’ é alguém que deixa o seu país a fim de buscar uma vida melhor em
outro espaço (país)
E se quiser, pode até voltar, considerando que ele não saiu de seu país como alguém
a estar fugindo [dele], seja por causa de uma guerra, ou função de uma outra situação crítica
Enquanto o “refugiado”, este, sim, está tentando escapar de seu país, principalmente
se percebe que pode estar sua vida [e dos seus] em perigo (risco de morte)
Pois é
O que se passa pela cabeça d’um refugiado?
Então, a primeira coisa deve ser um sentimento de revolta, eu acredito
Pelo que ele terá de abandonar toda uma vida que construiu em seu lugar de origem
Sim, pelo que terá de deixar para trás uma significativa parte de su’história e sua vida:
Sua casa, seu trabalho, seus projetos, seus planos, seus sonhos ...
E ter que iniciar uma vida inteiramente nova e desconhecida
E, na maioria das vezes, totalmente diferente
A precisar falar um novo idioma, a ter que se fixar em outro espaço
E, muitas vezes a ter que disputar [co’outros] um devido espaço
E sem falar no que diz respeito ao "trabalho", pelo que muitos terão que trabalhar no que
nunca fizeram
Ou terão de aceitar o que "sobrou para eles"
Em nome da sobrevivência
Em nome do pão nosso de cada dia
Ou seja: começa-se, a partir do momento que saiu de seu país, a redigir uma nova estória,
a qual será também a sua “vital história”
A começar, portanto, do zero
"Recomeçar", então E outro coisa que faz uma grande diferença entre "emigrante" e "refugiado"
é o fator "tempo"
Serei mais objetivo:
Um emigrante pode se dar ao luxo de "trabalhar com o tempo", a tê-lo a seu favor, onde ele irá
"organizar suas coisas":
Sua bagagem, ou mesmo uma significativa mudança (o que levará para a viagem)
Poderá ter tempo para aprender a falar a nova língua (do país em que pretende ficar)
E, sabendo fazer tudo certinho, pode até antecipar no que diz respeito a questões quanto a
documentações, e outras coisas mais:
Saber aonde irá ficar (em termos de residência), ou mesmo de ter alguém que o irá receber [em sua
chegada]
Ou seja, o "emigrante" está melhor preparado para o que ele provavelmente espera
Já no caso do "refugiado" a estória é outra:
Ele se desloca de seu país, na maioria das vezes, às pressas
(Sem organizar nada)
A levar consigo somente a roupa do corpo [e alguma comida e água], e só
Não teve tempo de aprender a falar a língua do novo país
E muito menos se preocupou com questões referentes a passaporte, visto de entrada, dinheiro
e documentos (ou documentações)
Ou, n'outras palavras: seja [agora] o que Deus quiser!
E, então, de sua antiga árvore, a que derrubada foi [no país de sua origem], será preciso
replantá-la em um novo e desconhecido solo
Alguns conservam suas raízes, enquanto outros não
É verdade:
Alguns mantêm seus valores e princípios, a conservarem também seus hábitos
E não permitem que sejam devorados pel’outro espaço
Oh! Que o digam muitos judeus (de etnia, e, portanto, de descendência)
Embora uma grande parte, por medida de segurança, achou melhor fazer diferente:
Trocaram seus nomes, tentaram se disfarçar com novos hábitos, considerando que
estavam sendo perseguidos (como sempre!)
Razão pela qual se viram forçados a irem para outros espaços
E aqui estou falando a respeito dos “judeus da diáspora”
Pois é!
A verdade é que não deve ser fácil viver como um “emigrado”
E muito menos como um ”refugiado”
Sim, como inicialmente qual um “apátrida”, já que nos primeiros tempos a pessoa
não será considerada como “nacional” em lugar nenhum do novo país (d'onde agora está)
Já que, em nome de sua dignidade, ele precisará de uma nova documentação
De forma que possa adquirir “direitos” no espaço (país) em que optou por [nele] se fixar
Então, tomo a liberdade para lhe fazer algumas perguntas:
Você conhece suas raízes?
Sim, se você não for de descendência indígena, certamente seus bisavós (ou trisavós)
vieram para o Brasil ou como emigrantes ou como refugiados
E uma pergunta interessante:
Você tem, pelo menos, curiosidade em querer saber (ou conhecer) suas origens?
Ou como surgiu sua família?
Ou mesmo se tem parentes em outros lugares do país e no resto do mundo?
Ah, é verdade ...
Se alguém disser que não existe uma “máquina do tempo”, a nos levar ao passado, eu discordo
Ela existe, sim
E é uma “máquina natural” que se chama “memória”
E co’ela podemos viajar ... para o passado
Não, não perde o tempo [presente] quem ao passado vai
Todavia, o perderia, sim, se lá constantemente ficasse
Sim, no passado s’encontra [escrita] uma grande parte de noss’história
E o futuro ainda é uma página em branco
Ou mesmo um solo [virgem] onde nele lançamos nossas as sementes “do agora”
Bom, aquela agradável prosa [com a minha mãe] de tempos em tempos se repetia
Hoje ela não está mais aqui [neste plano]
E foi a última da geração de meus tios
Sempre tenho um imenso prazer de olhar aquelas antigas fotos
São minhas raízes
São minhas origens
27 de agosto de 2024
IMAGENS: FOTOS DE FAMÍLIA
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FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES
MINHAS RAÍZES, MINHAS ORIGENS
Tempo
Passado ... presente ... futuro
Ou, quem sabe, uma “ilusão cronológica” onde nele tudo se mistura
E nele s’encontra:
O antes, o agora e o depois
Mas a verdade é que cad’um [de nós] tem uma preferência
Ou o presente (sendo poucos) já que quase ninguém co’ele se importa
E, porque não se importa, não s’entrega ... a ele
E destarte prefere os outros
Que, em verdade, não moram “no agora”
E vivem assim:
Do passado que já foi embora
Todavia, visto que lembrado é, não desapareceu ... e não morreu (por completo)
E do futuro, o qual ainda não chegou
E que para muitos nem virá
Bom, lembro-me aqui quando estava conversando co’a minha mãe, em sua casa
Ela que tinha uma inegável predileção pelo passado
Dona d’uma memória incrível, a qu’eu não conhecia outra igual
E de cada detalhe recordava (no que foi o pretérito de sua vida)
Eu, particularmente, tinha um imenso prazer em ouvir suas "vitais histórias"
Que eram igualmente suas “estórias de vida”
Estávamos a olhar várias fotos antigas
Os chamados “retratos”
E todos com suas características gráficas:
Papel resistente, caprichosamente adornados nas bordas
E, é claro, em preto e branco
Ah! Os retratos
Pois bem, irei dizer uma coisa aqui nest'hora:
Apesar de que vivemos n'um tempo incrivelmente sofisticado
Sobretudo em se tratando de técnica e imagens, eu ainda prefiro mais as fotos do que os vídeos
Por estes dias me pediram para restaurar imagens de fotos antigas, e vejam como eu respondi:
Meu amigo, você quer saber a minha opinião?
Se você quiser que a foto fique "perfeita" eu posso até realizar o seu desejo
Sim, eu posso colocar cores, melhorar a sua qualidade visual e fazer outros retoques
Porém, tem uma coisa:
Isto irá perder o que de melhor há n'uma foto antiga, que é a sua originalidade
Pois bem, retornemos à prosa qu'eu estava tendo com a minha mãe
E naquel’hora estávamos a fazer uma viagem no tempo [pretérito]
Um período antigo o qual ela [literalmente] viveu, embora eu não
Pessoas, estilos, trajes, hábitos a marcarem um período
Achei interessante que n’algumas fotos ela mesma não chegou a conhecer alguns personagens
Eram os seus avós
Perguntei-a sobre nossas origens
Ao que ela me disse que eles vieram para o Brasil fugindo da guerra (que na Europa
se assolava, e a devastava)
E que vieram da Áustria
O que certamente justificava a origem do nome: “Hovadick” e “Machalla”
Bem, pelo período das fotos, percebia-se que fora, na verdade, anterior à Primeira Grande
Guerra
E que eles vieram para cá de navio, junto com outros refugiados
Sim, a palavra certa era esta mesma: “refugiados”
E nest’instante é bom saber a diferença a se ter entre “emigrante” e “refugiado”
Ainda que haja similaridades
Um “emigrante’ é alguém que deixa o seu país a fim de buscar uma vida melhor em
outro espaço (país)
E se quiser, pode até voltar, considerando que ele não saiu de seu país como alguém
a estar fugindo [dele], seja por causa de uma guerra, ou função de uma outra situação crítica
Enquanto o “refugiado”, este, sim, está tentando escapar de seu país, principalmente
se percebe que pode estar sua vida [e dos seus] em perigo (risco de morte)
Pois é
O que se passa pela cabeça d’um refugiado?
Então, a primeira coisa deve ser um sentimento de revolta, eu acredito
Pelo que ele terá de abandonar toda uma vida que construiu em seu lugar de origem
Sim, pelo que terá de deixar para trás uma significativa parte de su’história e sua vida:
Sua casa, seu trabalho, seus projetos, seus planos, seus sonhos ...
E ter que iniciar uma vida inteiramente nova e desconhecida
E, na maioria das vezes, totalmente diferente
A precisar falar um novo idioma, a ter que se fixar em outro espaço
E, muitas vezes a ter que disputar [co’outros] um devido espaço
E sem falar no que diz respeito ao "trabalho", pelo que muitos terão que trabalhar no que
nunca fizeram
Ou terão de aceitar o que "sobrou para eles"
Em nome da sobrevivência
Em nome do pão nosso de cada dia
Ou seja: começa-se, a partir do momento que saiu de seu país, a redigir uma nova estória,
a qual será também a sua “vital história”
A começar, portanto, do zero
"Recomeçar", então
E de sua antiga árvore, a que derrubada foi [no país de sua origem], será preciso
replantá-la em um novo e desconhecido solo
Alguns conservam suas raízes, enquanto outros não
É verdade:
Alguns mantêm seus valores e princípios, a conservarem também seus hábitos
E não permitem que sejam devorados pel’outro espaço
Oh! Que o digam muitos judeus (de etnia, e, portanto, de descendência)
Embora uma grande parte, por medida de segurança, achou melhor fazer diferente:
Trocaram seus nomes, tentaram se disfarçar com novos hábitos, considerando que
estavam sendo perseguidos (como sempre!)
Razão pela qual se viram forçados a irem para outros espaços
E aqui estou falando a respeito dos “judeus da diáspora”
Pois é!
A verdade é que não deve ser fácil viver como um “emigrado”
E muito menos como um ”refugiado”
Sim, como inicialmente qual um “apátrida”, já que nos primeiros tempos a pessoa
não será considerada como “nacional” em lugar nenhum do novo país (d'onde agora está)
Já que, em nome de sua dignidade, ele precisará de uma nova documentação
De forma que possa adquirir “direitos” no espaço (país) em que optou por [nele] se fixar
Então, tomo a liberdade para lhe fazer algumas perguntas:
Você conhece suas raízes?
Sim, se você não for de descendência indígena, certamente seus bisavós (ou trisavós)
vieram para o Brasil ou como emigrantes ou como refugiados
E uma pergunta interessante:
Você tem, pelo menos, curiosidade em querer saber (ou conhecer) suas origens?
Ou como surgiu sua família?
Ou mesmo se tem parentes em outros lugares do país e no resto do mundo?
Ah, é verdade ...
Se alguém disser que não existe uma “máquina do tempo”, a nos levar ao passado, eu discordo
Ela existe, sim
E é uma “máquina natural” que se chama “memória”
E co’ela podemos viajar ... para o passado
Não, não perde o tempo [presente] quem ao passado vai
Todavia, o perderia, sim, se lá constantemente ficasse
Sim, no passado s’encontra [escrita] uma grande parte de noss’história
E o futuro ainda é uma página em branco
Ou mesmo um solo [virgem] onde nele lançamos nossas as sementes “do agora”
Bom, aquela agradável prosa [com a minha mãe] de tempos em tempos se repetia
Hoje ela não está mais aqui [neste plano]
E foi a última da geração de meus tios
Sempre tenho um imenso prazer de olhar aquelas antigas fotos
São minhas raízes
São minhas origens
27 de agosto de 2024
IMAGENS: FOTOS DE FAMÍLIA