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MINHAS RAÍZES, MINHAS ORIGENS

 

Tempo

Passado ... presente ... futuro

Ou, quem sabe, uma “ilusão cronológica” onde nele tudo se mistura

E nele s’encontra:

O antes, o agora e o depois

 

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Mas a verdade é que cad’um [de nós] tem uma preferência

Ou o presente (sendo poucos) já que quase ninguém co’ele se importa

E, porque não se importa, não s’entrega ... a ele

E destarte prefere os outros

Que, em verdade, não moram “no agora”

E vivem assim:

Do passado que já foi embora

Todavia, visto que lembrado é, não desapareceu ... e não morreu (por completo)

E do futuro, o qual ainda não chegou

E que para muitos nem virá

 

1710138.jpg

 

Bom, lembro-me aqui quando estava conversando co’a minha mãe, em sua casa

Ela que tinha uma inegável predileção pelo passado

Dona d’uma memória incrível, a qu’eu não conhecia outra igual

E de cada detalhe recordava (no que foi o pretérito de sua vida)

Eu, particularmente, tinha um imenso prazer em ouvir suas "vitais histórias"

Que eram igualmente suas “estórias de vida”

 

1710139.jpg

 

Estávamos a olhar várias fotos antigas

Os chamados “retratos”

E todos com suas características gráficas:

Papel resistente, caprichosamente adornados nas bordas

E, é claro, em preto e branco

 

1710143.jpg

 

Ah! Os retratos

Pois bem, irei dizer uma coisa aqui nest'hora:

Apesar de que vivemos n'um tempo incrivelmente sofisticado

Sobretudo em se tratando de técnica e imagens, eu ainda prefiro mais as fotos do que os vídeos

 

1710157.jpg

 

Por estes dias me pediram para restaurar imagens de fotos antigas, e vejam como eu respondi:

Meu amigo, você quer saber a minha opinião?

Se você quiser que a foto fique "perfeita" eu posso até realizar o seu desejo

Sim, eu posso colocar cores, melhorar a sua qualidade visual e fazer outros retoques

Porém, tem uma coisa:

Isto irá perder o que de melhor há n'uma foto antiga, que é a sua originalidade

 

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Pois bem, retornemos à prosa qu'eu estava tendo com a minha mãe

E naquel’hora estávamos a fazer uma viagem no tempo [pretérito]

Um período antigo o qual ela [literalmente] viveu, embora eu não

Pessoas, estilos, trajes, hábitos a marcarem um período

Achei interessante que n’algumas fotos ela mesma não chegou a conhecer alguns personagens

Eram os seus avós

 

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Perguntei-a sobre nossas origens

Ao que ela me disse que eles vieram para o Brasil fugindo da guerra (que na Europa

se assolava, e a devastava)

E que vieram da Áustria

O que certamente justificava a origem do nome: “Hovadick” e “Machalla”

 

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Bem, pelo período das fotos, percebia-se que fora, na verdade, anterior à Primeira Grande

Guerra

E que eles vieram para cá de navio, junto com outros refugiados

Sim, a palavra certa era esta mesma: “refugiados”

 

1710149.jpg

 

E nest’instante é bom saber a diferença a se ter entre “emigrante” e “refugiado”

Ainda que haja similaridades

Um “emigrante’ é alguém que deixa o seu país a fim de buscar uma vida melhor em

outro espaço (país)

E se quiser, pode até voltar, considerando que ele não saiu de seu país como alguém

a estar fugindo [dele], seja por causa de uma guerra, ou função de uma outra situação crítica

Enquanto o “refugiado”, este, sim, está tentando escapar de seu país, principalmente

se percebe que pode estar sua vida [e dos seus] em perigo (risco de morte)

 

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Pois é

O que se passa pela cabeça d’um refugiado?

Então, a primeira coisa deve ser um sentimento de revolta, eu acredito

Pelo que ele terá de abandonar toda uma vida que construiu em seu lugar de origem

Sim, pelo que terá de deixar para trás uma significativa parte de su’história e sua vida:

Sua casa, seu trabalho, seus projetos, seus planos, seus sonhos ...

E ter que iniciar uma vida inteiramente nova e desconhecida

E, na maioria das vezes, totalmente diferente

A precisar falar um novo idioma, a ter que se fixar em outro espaço

E, muitas vezes a ter que disputar [co’outros] um devido espaço

E sem falar no que diz respeito ao "trabalho", pelo que muitos terão que trabalhar no que

nunca fizeram

Ou terão de aceitar o que "sobrou para eles"

Em nome da sobrevivência

Em nome do pão nosso de cada dia

Ou seja: começa-se, a partir do momento que saiu de seu país, a redigir uma nova estória,

a qual será também a sua “vital história”

A começar, portanto, do zero

"Recomeçar", então E outro coisa que faz uma grande diferença entre "emigrante" e "refugiado"

é o fator "tempo"

Serei mais objetivo:

Um emigrante pode se dar ao luxo de "trabalhar com o tempo", a tê-lo a seu favor, onde ele irá

"organizar suas coisas":

Sua bagagem, ou mesmo uma significativa mudança (o que levará para a viagem)

Poderá ter tempo para aprender a falar a nova língua (do país em que pretende ficar)

E, sabendo fazer tudo certinho, pode até antecipar no que diz respeito a questões quanto a 

documentações, e outras coisas mais:

Saber aonde irá ficar (em termos de residência), ou mesmo  de ter alguém que o irá receber [em sua

chegada]

Ou seja, o "emigrante" está melhor preparado para o que ele provavelmente espera

Já no caso do "refugiado" a estória é outra: 

Ele se desloca de seu país, na maioria das vezes, às pressas

(Sem organizar nada)

A levar consigo somente a roupa do corpo [e alguma comida e água], e só

Não teve tempo de aprender a falar a língua do novo país 

E muito menos se preocupou com questões referentes a passaporte, visto de entrada, dinheiro

e documentos (ou documentações)

Ou, n'outras palavras: seja [agora] o que Deus quiser!

 

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E, então, de sua antiga árvore, a que derrubada foi [no país de sua origem], será preciso

replantá-la em um novo e desconhecido solo

Alguns conservam suas raízes, enquanto outros não

É verdade:

Alguns mantêm seus valores e princípios, a conservarem também seus hábitos

E não permitem que sejam devorados pel’outro espaço

Oh! Que o digam muitos judeus (de etnia, e, portanto, de descendência)

Embora uma grande parte, por medida de segurança, achou melhor fazer diferente:

Trocaram seus nomes, tentaram se disfarçar com novos hábitos, considerando que

estavam sendo perseguidos (como sempre!)

Razão pela qual se viram forçados a irem para outros espaços

E aqui estou falando a respeito dos “judeus da diáspora”

 

1710154.jpg

 

Pois é!

A verdade é que não deve ser fácil viver como um “emigrado”

E muito menos como um ”refugiado”

Sim, como inicialmente qual um “apátrida”, já que nos primeiros tempos a pessoa

não será considerada como “nacional” em lugar nenhum do novo país (d'onde agora está)

Já que, em nome de sua dignidade, ele precisará de uma nova documentação

De forma que possa adquirir “direitos” no espaço (país) em que optou por [nele] se fixar

 

1710156.jpg

 

Então, tomo a liberdade para lhe fazer algumas perguntas:

Você conhece suas raízes?

Sim, se você não for de descendência indígena, certamente seus bisavós (ou trisavós)

vieram para o Brasil ou como emigrantes ou como refugiados

E uma pergunta interessante:

Você tem, pelo menos, curiosidade em querer saber (ou conhecer) suas origens?

Ou como surgiu sua família?

Ou mesmo se tem parentes em outros lugares do país e no resto do mundo?

 

1710158.jpg

 

Ah, é verdade ...

Se alguém disser que não existe uma “máquina do tempo”, a nos levar ao passado, eu discordo

Ela existe, sim

E é uma “máquina natural” que se chama “memória”

E co’ela podemos viajar ... para o passado

Não, não perde o tempo [presente] quem ao passado vai

Todavia, o perderia, sim, se lá constantemente ficasse

Sim, no passado s’encontra [escrita] uma grande parte de noss’história

E o futuro ainda é uma página em branco

Ou mesmo um solo [virgem] onde nele lançamos nossas as sementes “do agora”

 

1710159.jpg

 

Bom, aquela agradável prosa [com a minha mãe] de tempos em tempos se repetia

Hoje ela não está mais aqui [neste plano]

E foi a última da geração de meus tios

Sempre tenho um imenso prazer de olhar aquelas antigas fotos

São minhas raízes

São minhas origens

 

27 de agosto de 2024

 

IMAGENS: FOTOS DE FAMÍLIA

 

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FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES

 

MINHAS RAÍZES, MINHAS ORIGENS

 

Tempo

Passado ... presente ... futuro

Ou, quem sabe, uma “ilusão cronológica” onde nele tudo se mistura

E nele s’encontra:

O antes, o agora e o depois

 

Mas a verdade é que cad’um [de nós] tem uma preferência

Ou o presente (sendo poucos) já que quase ninguém co’ele se importa

E, porque não se importa, não s’entrega ... a ele

E destarte prefere os outros

Que, em verdade, não moram “no agora”

E vivem assim:

Do passado que já foi embora

Todavia, visto que lembrado é, não desapareceu ... e não morreu (por completo)

E do futuro, o qual ainda não chegou

E que para muitos nem virá

 

Bom, lembro-me aqui quando estava conversando co’a minha mãe, em sua casa

Ela que tinha uma inegável predileção pelo passado

Dona d’uma memória incrível, a qu’eu não conhecia outra igual

E de cada detalhe recordava (no que foi o pretérito de sua vida)

Eu, particularmente, tinha um imenso prazer em ouvir suas "vitais histórias"

Que eram igualmente suas “estórias de vida”

 

Estávamos a olhar várias fotos antigas

Os chamados “retratos”

E todos com suas características gráficas:

Papel resistente, caprichosamente adornados nas bordas

E, é claro, em preto e branco

 

Ah! Os retratos

Pois bem, irei dizer uma coisa aqui nest'hora:

Apesar de que vivemos n'um tempo incrivelmente sofisticado

Sobretudo em se tratando de técnica e imagens, eu ainda prefiro mais as fotos do que os vídeos

 

Por estes dias me pediram para restaurar imagens de fotos antigas, e vejam como eu respondi:

Meu amigo, você quer saber a minha opinião?

Se você quiser que a foto fique "perfeita" eu posso até realizar o seu desejo

Sim, eu posso colocar cores, melhorar a sua qualidade visual e fazer outros retoques

Porém, tem uma coisa:

Isto irá perder o que de melhor há n'uma foto antiga, que é a sua originalidade

 

Pois bem, retornemos à prosa qu'eu estava tendo com a minha mãe

E naquel’hora estávamos a fazer uma viagem no tempo [pretérito]

Um período antigo o qual ela [literalmente] viveu, embora eu não

Pessoas, estilos, trajes, hábitos a marcarem um período

Achei interessante que n’algumas fotos ela mesma não chegou a conhecer alguns personagens

Eram os seus avós

 

Perguntei-a sobre nossas origens

Ao que ela me disse que eles vieram para o Brasil fugindo da guerra (que na Europa

se assolava, e a devastava)

E que vieram da Áustria

O que certamente justificava a origem do nome: “Hovadick” e “Machalla”

 

Bem, pelo período das fotos, percebia-se que fora, na verdade, anterior à Primeira Grande

Guerra

E que eles vieram para cá de navio, junto com outros refugiados

Sim, a palavra certa era esta mesma: “refugiados”

 

E nest’instante é bom saber a diferença a se ter entre “emigrante” e “refugiado”

Ainda que haja similaridades

Um “emigrante’ é alguém que deixa o seu país a fim de buscar uma vida melhor em

outro espaço (país)

E se quiser, pode até voltar, considerando que ele não saiu de seu país como alguém

a estar fugindo [dele], seja por causa de uma guerra, ou função de uma outra situação crítica

Enquanto o “refugiado”, este, sim, está tentando escapar de seu país, principalmente

se percebe que pode estar sua vida [e dos seus] em perigo (risco de morte)

 

Pois é

O que se passa pela cabeça d’um refugiado?

Então, a primeira coisa deve ser um sentimento de revolta, eu acredito

Pelo que ele terá de abandonar toda uma vida que construiu em seu lugar de origem

Sim, pelo que terá de deixar para trás uma significativa parte de su’história e sua vida:

Sua casa, seu trabalho, seus projetos, seus planos, seus sonhos ...

E ter que iniciar uma vida inteiramente nova e desconhecida

E, na maioria das vezes, totalmente diferente

A precisar falar um novo idioma, a ter que se fixar em outro espaço

E, muitas vezes a ter que disputar [co’outros] um devido espaço

E sem falar no que diz respeito ao "trabalho", pelo que muitos terão que trabalhar no que

nunca fizeram

Ou terão de aceitar o que "sobrou para eles"

Em nome da sobrevivência

Em nome do pão nosso de cada dia

Ou seja: começa-se, a partir do momento que saiu de seu país, a redigir uma nova estória,

a qual será também a sua “vital história”

A começar, portanto, do zero

"Recomeçar", então

 

E de sua antiga árvore, a que derrubada foi [no país de sua origem], será preciso

replantá-la em um novo e desconhecido solo

Alguns conservam suas raízes, enquanto outros não

É verdade:

Alguns mantêm seus valores e princípios, a conservarem também seus hábitos

E não permitem que sejam devorados pel’outro espaço

Oh! Que o digam muitos judeus (de etnia, e, portanto, de descendência)

Embora uma grande parte, por medida de segurança, achou melhor fazer diferente:

Trocaram seus nomes, tentaram se disfarçar com novos hábitos, considerando que

estavam sendo perseguidos (como sempre!)

Razão pela qual se viram forçados a irem para outros espaços

E aqui estou falando a respeito dos “judeus da diáspora”

 

Pois é!

A verdade é que não deve ser fácil viver como um “emigrado”

E muito menos como um ”refugiado”

Sim, como inicialmente qual um “apátrida”, já que nos primeiros tempos a pessoa

não será considerada como “nacional” em lugar nenhum do novo país (d'onde agora está)

Já que, em nome de sua dignidade, ele precisará de uma nova documentação

De forma que possa adquirir “direitos” no espaço (país) em que optou por [nele] se fixar

 

Então, tomo a liberdade para lhe fazer algumas perguntas:

Você conhece suas raízes?

Sim, se você não for de descendência indígena, certamente seus bisavós (ou trisavós)

vieram para o Brasil ou como emigrantes ou como refugiados

E uma pergunta interessante:

Você tem, pelo menos, curiosidade em querer saber (ou conhecer) suas origens?

Ou como surgiu sua família?

Ou mesmo se tem parentes em outros lugares do país e no resto do mundo?

 

Ah, é verdade ...

Se alguém disser que não existe uma “máquina do tempo”, a nos levar ao passado, eu discordo

Ela existe, sim

E é uma “máquina natural” que se chama “memória”

E co’ela podemos viajar ... para o passado

Não, não perde o tempo [presente] quem ao passado vai

Todavia, o perderia, sim, se lá constantemente ficasse

Sim, no passado s’encontra [escrita] uma grande parte de noss’história

E o futuro ainda é uma página em branco

Ou mesmo um solo [virgem] onde nele lançamos nossas as sementes “do agora”

 

Bom, aquela agradável prosa [com a minha mãe] de tempos em tempos se repetia

Hoje ela não está mais aqui [neste plano]

E foi a última da geração de meus tios

Sempre tenho um imenso prazer de olhar aquelas antigas fotos

São minhas raízes

São minhas origens

 

27 de agosto de 2024

 

IMAGENS: FOTOS DE FAMÍLIA

 

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 27/08/2024
Reeditado em 28/08/2024
Código do texto: T8138075
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