PIADA

Francisco de Paula Melo Aguiar

Até para contar piada precisa saber para ter aceitação por parte de quem escuta, a plateia.

Para gostar de ouvir piada tem que primeiro compreendê-la.

Tem gente que não entende piada de maneira alguma e nem por isto deixa de ser inteligente.

Já tem gente que entende piada em cima da buxa e nem por isto é inteligente.

E assim esta gente começa a rir de graça, o riso está no ar dizendo que entendeu a piada e que tem sua aprovação ou reprovação.

Já tem outro tipo de gente que não entende piada alguma e começa a rir de chorar para ser aceito pelo grupo que se diz pertencer.

E assim quando é indagada para contar o entendeu da piada, o mundo foge dos seus pés e a mente volta para às nuvens.

O fato é que a piada para quem entende faz muita gente rir instantaneamente, quando é contada a primeira vez, porque não conhece o seu significado, algo parecido como filho de gato, gatinho é.

Ah! Isto é um festival de besteirol, porque filho de gato só pode ser e parecer com gato, jamais poderia parecer com urubu, marreco, boi, leão, coelho ou qualquer outro ser.

E é isto mesmo, porque ser filho da "p" não quer dizer que é "p" também.

Então a mesma piada contada a segunda vez para a mesma plateia já são poucos os irão rir.

Acabou a graça, a vida é assim.

E quando contada a mesma piada pela terceira vez, acabou a graça e ninguém rir mais.

A plateia já conhece a piada e seu significado.

Assim já é tempo de arranjar outra piada para contar, desde que ninguém a conheça antecipadamente, porque assim, antes de ser dita já perdeu a graça, a exemplo de promessas feitas pelos candidatos em tempo de campanha política.

Então essa gente deve dizer palavras bonitas para chamar atenção, coisa que ainda não foi dita para a plateia, ainda que a plateia seja a população ativa eleitoralmente falando, mesmo mentindo para encher o pote popular de vento e o imaginário de ilusão em forma de árvore sem raiz.

O importante é dizer palavras bonitas, fazer a plateia rir de chorar de alegria na dor e aflição, porque no próximo ano a coisa vai ser diferente e vai mesmo, basta está vivo que verá.

E este momento de contar e ouvir piada faz parte da vida de todas às pessoas do céu e do inferno, inclusive passando pela plateia que ouve e briga pelo horário eleitoral gratuito que está a caminho.

E até porque "a competição é a lei da selva, mas a cooperação é a lei da civilização", na visão do historiador, filósofo e cientista russo Peter Kroptkin (1842-1921), com cuja ideia concordarmos.

Então pega um lápis e um caderno, anota na tua agenda as piadas do horário eleitoral gratuito dos candidatos visíveis e invisíveis, que diante do momento da competição como atores e candidatos, irão sair no ar o que pode e o que não pode ser dito e ouvido, de uns contra os outros, porque todos querem a chave do erário para fazer e desfazer tudo como pensam para criar, recriar e contar piada para ser paga com o dinheiro do povo, a plateia de hoje.

A plateia que faz rir, também faz chorar, sem dizer uma palavra, isto mesmo, porque ela sabe que o corpo fala, o olhar fala, o mastigar fala, o aperto de mão fala, o abraço fala, a tapa nas costas fala, o gesto falar, o aceno fala, o andar fala, o sorriso fala, a gargalhada fala, o sentar falar, o beber fala, o fumar fala, o cantar fala, etc.

A plateia é inteligente não é burra e não come gato por lebre e nem cachorro por gato.

O importante é que sem dizer uma palavra para ferir ou aplaudir os sentimentos de alguém seja o grande legado com ou sem piada, a exemplo Charlie Chaplin, algo na política impossível, porque nada nesta vida veio para ficar, porque não é permanente, assim é a alegria e a tristeza e muito menos nossos problemas pessoais. Tudo passa menos a palavra de Deus. É preferível mesmo, andar na chuva para que ninguém veja às lágrimas, porque realmente o dia mais perdido na vida é aqueles em que não se rir.

Uma risada não faz mal a ninguém.