ÉTICA E ELEGÂNCIA

Agredir sob quaisquer pretextos, e pelos mais diversos processos, seja quem for, não será, certamente, uma atitude compatível com os valores mais tradicionais e humanistas da sociedade que se deseja para o século XXI, pelo contrário, tentar resolver os problemas com tolerância e uma total dose de ética, afigura-se ser a receita que terá maiores probabilidades de vencimento, se se considerar que a outra parte envolvida adotará idêntico procedimento e defenderá valores equivalentes, tudo assente numa pedagogia da etiqueta, para o futuro.

Provavelmente, a adoção de uma ética com etiqueta constituirá um método inovador, sustentado numa pedagogia otimista, que vise alcançar os melhores resultados no mais curto espaço de tempo, para o que se julga necessário preparar os cidadãos para esta nova metodologia: da gentileza, da suavidade e da compreensão, porque receber uma pequena atenção, um simples e merecido elogio, uma discriminação positiva, é como um bálsamo para a pele, um alimento para o espírito e que não custa dinheiro.

Comportamentos éticos reforçados pela elegância a que a etiqueta conduz, certamente que irá criar hábitos, que ao fim de algum tempo se traduzem numa sociedade onde todos podem conviver e desenvolver projetos de autênticas e sinceras relações de amizade: «A vida em sociedade não exige apenas que se cumpram as convenções. Obedecer às regras poderá eliminar uma série de atritos e de situações mais ou menos embaraçosas, mas o que torna a convivência com os outros verdadeiramente agradável são a cortesia e a afabilidade. As boas maneiras, ou seja, mostrar consideração pelos outros, são a essência do comportamento civilizado e, como tal estão intimamente ligadas a toda a vida em sociedade» (GIRÃO, 1989:10).

E se quando se afirma que a ética constitui o pensamento crítico da ação moral, levado ao nível, também, das relações profissionais, no campo dos deveres, a que corresponde uma deontologia, igualmente se poderá dizer que a etiqueta é parte integrante das relações amáveis, entre as pessoas que vivem em sociedade, portanto, de toda a humanidade.

Então, por que não estabelecer-se uma ética para o exercício permanente de um relacionamento humano com etiqueta? Por que motivo não se deverá desenvolver um código deontológico com base nos deveres que a todos se exige, no relacionamento entre pessoas que se devem respeitar e conviver afavelmente?

Insistir, como método privilegiado, no conflito agressivo, pela violência física e/ou verbal, seguramente não resultará, para que a partir dele se estabeleça uma sociedade civilizada, porque a parte vencida considerar-se-á humilhada e os vencedores, auto-superiorizados, mantendo-se latente a animosidade e a correlativa ideia de desconfiança permanente.

A construção da chave para o desenvolvimento de uma sociedade civilizada inicia-se pela formação de cidadãos, que saibam usar as regras da etiqueta, nas diversas circunstâncias da vida, sem receio de quaisquer rótulos eufemísticos, de resto, a etiqueta aqui entendida, também, como conjunto de regras de boa e gentil educação, as quais, sem dúvida, são comuns a homens e a mulheres.

A educação e formação são, portanto, a chave para se abrir um novo mundo, uma nova sociedade, porque: «Nunca, no passado, o problema da educação foi tão agudo quanto hoje; nunca, também, as tarefas educativas foram tão vastas. O fato do aceleramento da evolução, do caráter efémero das situações, dos problemas e, portanto, das soluções, as transformações rápidas da estrutura – com todas as suas implicações para a vida de cada uma das pessoas chamadas a ser elas mesmas e a cooperar com seus semelhantes para o maior bem de cada um – fizeram com que a educação se situe realmente no centro para o qual convergem os efeitos de múltiplos conflitos. » Esta análise foi efetuada há 32 anos e como ela está atual na primeira década do século XXI! » (BONBOIR, 1977:9).

Educação e formação para a cidadania de uma cultura ética, cívica e com etiqueta, vêm reforçar a simples educação tradicional do saber muitas coisas sem praticar aquelas que são essenciais à harmonia e à felicidade das pessoas numa sociedade civilizada.

As regras da etiqueta de boa e amável convivência não implicam abdicar de ideais, de crenças e convicções legais, legítimas e justas e muito menos que seja necessário a interferência de hipocrisias.

Pode-se e deve-se ser afável, generoso e educado, com simplicidade, humildade e sinceridade. A ética e a etiqueta não são incompatíveis, antes se complementam e no sentido mais nobre da boa conivência.

Deontologia e etiqueta reforçam as relações profissionais entre trabalhadores de quaisquer níveis, mesmo numa hierarquização de funções, porque, independentemente da categoria, estatuto e condição económica, todos são trabalhadores na respectiva instituição, todos são, ou não, (e deveriam sê-lo) competentes.

Bibliografia

BONBOIR, Anna, (Dir.). (1977). Uma Pedagogia para Amanhã. Trad. Frederico Pessoa de Barros. São Paulo: Cultrix.

GIRÃO, Ana São, (1989). Etiqueta e Boas Maneiras: A Arte de Viver em Sociedade. Lisboa: Edições 70

“NÃO, ao ímpeto das armas; SIM, ao diálogo criativo/construtivo. Caminho para a PAZ”

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Enviado por Rosangela Calza em 22/08/2024
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