Amada

Esses minha colega de trabalho e amiga de vida teve nenê. Um joelhinho vermelho e inchado de cabelos fiapo de manga.

Uma graça. Em todo processo de amadurecimento dessa mãe, me vi no processo se realmente quero entrar pra esse universo. E digo com toda certeza: Não sei. Não sei se daria conta, se iria enfrentar as questões, se iria ter fôlego. E quem tem? Sinceramente esse não sei é mais pro não quero. Mas a sociedade insiste em vender uma maternidade com o ponto final/inicial de uma vida plena.

Em dois dias de nascimento minha amiga já reclamou de insônia e dor nos seios, a amamentação tá sendo um tanto complicada. "Passa" dizem as mais experientes. Eu só observo. Não quero aqui dizer que maternidade, paternidade, cuidar de alguém seja doloroso mas que exige responsabilidade é incontestável. Mas eu não cuido nem de mim mesma. E não, não me acho adolescente pois tenho mais que trinta anos e possuo bom senso. Mas minha casa nesse momento está uma bagunça, banheiro nem se fala, o cartão de crédito no limite e as contas fixas só aumentam. Não to cuidando de casa pra ser uma casa.

Além disso todo o amar a si mesmo para amar o próximo tem que tá em dia. Não me amo nem um pouco. Ontem recebi uma foto que vi o quão gorda estou. Detesto isso. Detesto mais que faz é anos que reclamo disso e parece que nunca melhora. Agora imagina criar uma criança sendo infeliz consigo mesma? Calma, isso foi pra mim?

Ai gente, tá todo mundo cansado né?

Eu queria ir à praia pra relaxar mas só de pensar em usar qualquer coisa - qualquer coisa - mais fresquinha e que não seja preto, desisto na hora.

Preciso respirar. Chorar sozinha no banho não ta adiantando.

Escrever também não.

Têia Agridoce
Enviado por Têia Agridoce em 22/08/2024
Código do texto: T8134460
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