A Insustentável leveza.

Manhã de domingo! O sol escondido sob frágeis nuvens, um vento leve e agradável, uma música de Tchaikovsky no ar.

Estou pronta para uma leitura, mas toda esta paz me obriga a cerrar os olhos e respirar bem fundo.

Que cansaço!... Uma leve dor na nuca. Resultado de tantos anos na cadeira de rodas fazendo força para movê-la de um lado para o outro?Talvez...

Mas, com os olhos fechados, respiro fundo várias vezes. Sinto o peso do meu corpo e a leveza de minha alma. Meus braços, meu pescoço, minhas pernas: pesam...
Que vontade de me soltar e me deixar levar, sem destino, por este vento que passa. Não quero voar como um pássaro, mas como uma leve pluma: Suave, quase pousando, mas num sopro mais forte ir um pouco mais alto, sempre planando, leve, solta...

Penso que o preço que pagamos para usufruir dos nossos sentidos é ter que agüentar o peso deste corpo.

Abro os olhos, eles me mostram um céu azul, rosas brancas, flores coloridas. Lindo!..

.Aos meus ouvidos, aquela música que eleva e acalma minha mente. O perfume das flores, da terra, do ar, penetram em mim, ajudando a compor este momento. Na boca o cheiro se transforma em sabor de primavera. Na pele a sensação agradável da brisa tocando de leve meus braços, meu rosto.

Será que precisamos deste corpo para que nossos sentidos possam perceber toda a beleza da natureza? Ou temos os sentidos para podermos suportar o peso deste corpo e esta consciência de vida e morte?
 
Lisyt
Enviado por Lisyt em 12/01/2008
Reeditado em 11/11/2017
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