Sons e perfumes
Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.
- Desde ontem tenho pensado no que li sobre pesquisas de ponta com colônias de bactérias, dessas chamadas de “bactérias do bem”.
- E do que se trata? Descobriram mais bactérias capazes de reciclar plástico?
- Acompanhe meu raciocínio. O bolo fecal no nosso intestino é processado por colônias de bactérias. Esse processamento produz gases fétidos, certo?
- Certo. No nosso caso, em grandes quantidades. Só a Simeticona nos salva.
- O problema da flatulência parece ser o fedor. Agora, imagine uma colônia de bactérias geneticamente modificadas que, ao agir no bolo fecal, produza gases com cheiro de jasmim. Imagine-se no apartamento soltando odores de jasmim.
- De jasmim? Independentemente do que é ingerido?
- Sim. Para qualquer dieta que produza gazes, o odor seria de jasmim. Ah, e não é só isso. As fezes exalariam cheiro de jasmim também, tornando aqueles desodorizadores sanitários totalmente desnecessários.
- E ainda haveria economia de água com descargas. Os detritos poderiam ficar acumulados no vaso sanitário emitindo um agradável odor de jasmim.
- Exato. Essas colônias de bactérias responsáveis pela produção do odor de jasmim seriam vendidas em flaconetes e só produziriam os primeiros resultados quando compusessem a totalidade da fauna intestinal.
- E isso levaria quanto tempo? E sobre contraindicações e efeitos colaterais?
- Os pesquisadores estimam de duas a quatro semanas para que o odor de jasmim pudesse ser sentido. Parece não haver contraindicações, pois as bactérias são as mesmas, só a genética do odor dos gases foi modificada.
- E sobre os efeitos colaterais? Já há alguma evidência?
- Parece que sim. O principal efeito colateral seria um aumento expressivo no volume sonoro da produção das flatulências. Mas já há uma solução para isso.
- Já sei. Junto com os flaconetes, vem um conjunto de abafadores descartáveis, para quem for a qualquer evento público. Jasmim, mas sem som!