Rotina
Acordei com o despertador, a cabeça ainda zonza, fruto de uma noite mal dormida. Era cedo, muito cedo. O corpo pesado e a mente já começava a rodopiar com a lista de coisas a fazer. Será que vai chover ou fazer sol? Alexa não me respondeu, então fui para o banho, esperando que a água quente acordasse o resto do meu ânimo. Café? Esqueci de ligar a cafeteira de novo. O primeiro susto do dia.
A roupa estava separada sobre a cama, mas, de repente, nada parecia me cair bem. Mexe daqui, troca dali e me vi diante do espelho me perguntando se eu havia engordado. Uma espinha, bem no meio do rosto, como se a vida precisasse de mais um toque de drama. Respiro fundo, me maquio. Ninguém vai notar.
Corro para o café, que, claro, estava frio. As mensagens já começaram a pipocar, a primeira da minha mãe, como sempre. Leio as notícias. Tragédia, tragédia e mais tragédia. O tempo correu mais rápido do que eu. Perdi o ônibus das 7 horas. Lá vou eu de novo, em pé, fones no ouvido, tentando abafar a maratona que é a vida.
Chego no trabalho e os problemas já estão me esperando na porta, ansiosos por me sufocar. A impressão é de que até a impressora resolveu ter um dia ruim. A internet? Nem sinal. Atendo ao público, resolvo problemas, relatórios, planilhas, corro de um lado para o outro. E o almoço? Mal dá tempo de aproveitar, mas quem resiste a repetir quando a comida está boa?
Mensagens da minha mãe de novo, uma lembrança silenciosa de que eu também sou mãe. Mando um “Mamãe te ama” no meio do caos. O trabalho da tarde parece multiplicado, e eu nem sei se bebi água hoje. Vamos entrar em reunião. Dá tempo de fazer um xixi? Esqueci de descongelar algo para o jantar, e, claro, não trouxe guarda-chuva... Só vou mandar mais um e-mail... A chuva me encontra no ponto de ônibus. Claro que sim!
Chego em casa e está tudo escuro. Cada um mergulhado em sua própria tela, enquanto a pia me espera lotada de louça. O jantar ainda precisa ser feito. Cabelo molhado, roupa molhada e uma pilha de responsabilidades. Meu corpo quer cama. Ah, esqueci o vestido na costureira. Me enrolo entre o jantar, a louça, a preparação para o dia seguinte. Vou sentar na cama e assistir um filme. Um breve momento de paz... Fecho os olhos. Logo percebo que o despertador me chama. Está na hora de acordar e começar tudo de novo.
E assim seguimos. Amanhã será igual? Quem sabe.