NADA NOS PERTENCE

As pessoas estudam e trabalham com um objetivo claro: conquistar um patrimônio que lhes permita viver com certo conforto e para garantir uma velhice tranquila. Porém, se analisarmos friamente a vida de um trabalhador, iremos constatar que tudo aquilo que ele consegue conquistar com o seu trabalho, não lhe pertence verdadeiramente.

O grande sonho da maioria das pessoas é adquirir uma casa própria para se livrar do pagamento do aluguel. Para realizar este sonho, o sujeito trabalha anos a fio, adquire um imóvel pelo qual paga a prestação durante 25 anos, para finalmente sentir-se dono, senhor e proprietário da tão sonhada casa própria.

O sonho dura até o momento em que ele percebe que, embora tenha quitado todas as prestações, o imóvel não lhe pertence de fato. Isto porque, o real dono, senhor e proprietário dele é a prefeitura da cidade. O iludido trabalhador é obrigado a pagar anualmente uma taxa a título de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), e caso não pague, perde o imóvel.

O fato curioso é que este imposto aumenta de valor todo ano, mesmo que o imóvel não sofra alteração alguma. As prefeituras costumam justificar a cobrança, dizendo que o imposto existe para que os administradores possam realizar obras em benefício da população. Pura conversa fiada, porque existem bairros inteiros esperando por estas obras que jamais chegam, apesar da população pagar IPTU com valores altíssimos.

O mesmo problema ocorre, quando o trabalhador consegue, à custa de muito esforço, adquirir um veículo, porque o sistema de transporte coletivo das cidades é deficitário e não atende às necessidades da população. Além da manutenção do veículo, o proprietário ainda é obrigado a pagar anualmente o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Caso não pague, fica sem o veículo.

A desculpa para a cobrança do IPVA é a manutenção das estradas. Outra conversa para boi dormir, porque as estradas brasileiras vivem em estado deplorável. No Rio Grande do Norte, por exemplo, as estradas de tão ruins, são comparadas a tabuleiro de pirulito e para piorar a situação, são responsáveis por vários acidentes registrados, muitos deles, com vítimas fatais.

E como se não bastasse, no RN o proprietário de um veículo ainda é obrigado a pagar uma Taxa contra Incêndio, destinada ao Corpo de Bombeiros. O pagamento desta taxa é difícil de engolir. Afinal, o cidadão potiguar já é responsável pelo pagamento de salário dos Bombeiros, a fim de que eles realizem seu trabalho de apagar incêndios.

A pergunta que fica sem resposta é a seguinte: No caso de um veículo incendiar-se em via pública e o proprietário não ter quitado a tal taxa, os Bombeiros não vão cumprir com sua obrigação de apagar o incêndio? Oh, dúvida cruel!

Mas, não é apenas o carro e a casa que não nos pertence, cara pálida. Nem mesmo a vida que nos cabe, nos pertence. Ela nos é concedida pela graça de Deus e Ele pertence. Não nos cabe dar cabo dela na hora em que desejamos, sob pena de pagarmos um alto preço por tal pensamento. Tudo é do Pai – conforme afirmação de uma canção religiosa.

“Fomos comprados por um preço que nenhum homem pode pagar: o sangue precioso de Jesus Cristo” (II Coríntios 5.10; I Pedro 1.18 e 19). Podemos desfrutar da vida como quisermos e pudermos, mas tendo a certeza de um dia iremos prestar contas de tudo o que fizemos ao nosso Criador.

Portanto, acredito que a única coisa que podemos com certeza afirmar que nos pertence, são os nossos sonhos. Afinal, para sonhar ninguém paga imposto, não entra em fila, tampouco os sonhos se tornam de domínio público. A não ser que você queira.