MIRTES E AS VARIAÇÕES NO INFINITO

MIRTES E AS VARIAÇÕES NO INFINITO.

Servidos, apaixonados e confiantes no teatro

Das luzes vulgares do interior do bar , saíram

Para rua , pra nua estranheza que todos tinham

De suas pretensões. Se admiravam e cantavam

Sobre bancos de praça, bancos da alameda, na

Descida pelo caminho que levava mais perto

Do que o inferno podia suportar lá dentro.

Ao criar sua fantasia , ao beber do cálice doce

Da sensualidade de estar livre aquela noite , aquela que seria a noite dos olhares sediosos, da sede volumosa e do apetite de chegar ao limite da vertigem e passar o tempo na fantasia de que o tempo não existia , que haviam pessoas assistindo e que as janelas , além da porta , tinha estranhos querendo comê-los....servidos por inteiro!!

E tudo era tarde pra quem ainda muito cedo não havia despertado, sonhando nas variedades das cores entrelaçadas das formas na estética dos arranjos que pareciam favorecer, que fazia tudo ao redor viver... era o que pensavam!

Quem na realidade podia vê-los imersos de si no palco donde a plateia já estava vivendo a parte mais dramática da cena. Alguns queriam avisá-los, outros os deixavam ser tolos , e tinha os apostadores em suas mesas fétidas de álcool e salivas amargas desejando todo fim, que não fosse um fim romântico. Quem podia vê-los queria se dissolver de suas agonias ,da fraqueza corrente pelo sangue que nunca descia a mesma ladeira e a mesma rua dos amantes, só tinha endereços falsos, e os detalhes de cada caso , que morto, tornava seu encontro consigo mais suave , quase medicado , quase insano.

Foi pelos arredores nas sombras ,nas sobras deixadas por aqueles que até estavam perto ,quase sentaram juntos , mesmo que os juncos da vidraça ajardinada mostrasse sua miséria indissolúvel no tempo, e o espaço entre eles era uma distância entre suas farpas moedas jogadas pela “pena” que nunca lhe escreveu se quer uma estrada que fosse uma rua , talvez uma viela iluminada.

Sua paixão pelo momento , pela chegada do instante onde poderia ter de novo o inimigo que o ronda sozinho, tornou-se de novo a mesma vitrine que havia acontecido no bar logo a pouco, ele os tinha visto comendo e divertindo suas bocas com vinho , agora havia vinho em seus corpos e comiam suas entranhas famintos, num jogo de cena que lá fora parecia extrair um sabor pelo que lá dentro acontecia.

A primeira intenção foi embora e se perdeu da segunda que nascia mais breve e audaz , mais voraz e sem “penas”! Com vontade de tocar aqueles corpos e ver o gosto que tanto os deixava acesos e as vezes violentos que as paredes nada podiam fazer quando ele a amordaçava e seguia com seus dentes e língua afiada por tudo aquilo que era seu.

Entrou pela janela ,no escuro das velas queimando o ar malicioso ,deixou o vento apagar e trazer o escuro de sua alma ao encanto mortal dos sonhadores que logo não entendiam como poderia o amor ser desta forma um feitiço que podia absorver toda sua história em um nada .....