Entre Sem Bater - PIG, um Partidão !
Paulo Henrique Amorim disse:
"... eles se transformaram num partido político - o PIG, Partido da Imprensa Golpista ..."(1)
Um jornalista contemporâneo que, inclusive, atuou nas redes sociais com atividades de um verdadeiro jornalista. Até seus últimos dias de vida sustentou a ideia de que o PIG era forte, mas ele não venceu seus opositores e déspotas. Podemos dizer que PHA era um dos poucos a fazer autocrítica sobre o papel mesquinho e manipulador da mídia. Podemos dizer que ele não se encaixava na ideia da imprensa(*) de Pulitzer.
PIG
Ao definir o Partido da Imprensa Golpista (PIG) muitas coisas deveriam chamar a atenção do eleitor que não se liga em partidos políticos. Entretanto, o eleitor brasileiro, a cada eleição, amplia a sua ignorância e seu analfabetismo político. Tudo aquilo que atribui-se ao analfabeto político do texto que todos conhecem, é a realidade que o PIG e seus asseclas praticam. Como se não bastasse, agora parte dos influenciadores das redes sociais elegem-se ou influenciam para eleger verdadeiros porcos.
A relação entre a imprensa e a verdade é um tema de debate constante. Notadamente, quando sob a ótica de figuras críticas como Paulo Henrique Amorim, Juca Chaves e Joseph Pulitzer. Esses três nomes, apesar de suas abordagens, compartilham algo em comum: o poder da imprensa na opinião pública e na preservação da verdade.
PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA
PHA foi uma das vozes mais críticas da imprensa nacional, especialmente durante os períodos de crise política no Brasil. Amorim cunhou o termo "PIG" para descrever a aliança entre grandes veículos de comunicação e interesses políticos e econômicos do país. Segundo PHA, o objetivo da mídia era e ainda é, sem dúvida, manipular a opinião pública em prol de agendas específicas.
Para Amorim, o "PIG", é responsável por manipular informações, distorcer fatos e, em alguns casos, até mesmo promover golpes políticos. Tudo como forma de atender, inquestionavelmente aos interesses de elites econômicas, oligarquias e grandes anunciantes. Ele acreditava que a mídia corporativa se comportava como um partido político. Contudo, a mídia nunca teve a responsabilidade ou sofreu o escrutínio que partidos políticos reais enfrentam. Assim sendo , ao invés de informar o público de forma imparcial, a imprensa se tornaria um agente ativo na criação de crises. Em outras palavras, a desestabilização de governos que se alinham com os interesses das oligarquias sofrem.
Essa visão crítica de Amorim e uma desconfiança crescente em relação à mídia. Certamente, muitas pessoas acreditam que os veículos de comunicação não atuam mais como guardiões da verdade, mas como instrumentos de poder. Para ele, a imprensa tinha compromisso com a verdade, mas sim com a manutenção do status quo e com a promoção de interesses específicos.
IMPRENSA SÉRIA
O humorista e compositor Juca Chaves, com suas sátiras sobre a sociedade e a política brasileiras, ofereceu uma visão irônica e crítica sobre a imprensa. Uma de suas frases mais célebres é: "É uma imprensa séria(2) que se pagar até diz a verdade". Essa afirmação, embora dita em tom de brincadeira, revela uma verdade desconfortável sobre a relação entre a imprensa e o poder econômico.
Para Juca Chaves, a imprensa séria, ou seja, aquela que se apresenta como imparcial e objetiva, sempre tem seu preço. Essa ideia levanta questões importantes sobre a integridade jornalística e a influência do dinheiro nas redações. Se a verdade está à venda, então a função primordial do jornalismo – informar o público de maneira precisa e justa – inexiste.
A crítica de Juca Chaves se aproxima da de Amorim ao sugerir que a imprensa está longe de ser uma instituição independente e vigilante. Adicionalmente, sujeita-se ou promove a corrupção ou influencia personagens através de interesses econômicos. Isso enfraquece, com toda a certeza, a confiança do público na mídia. Alimenta, outrossim, a percepção de que a verdade é uma mercadoria, acessível apenas a quem pode pagar por ela.
PÚBLICO VIL
Joseph Pulitzer, um dos maiores nomes da história do jornalismo, tinha uma visão profunda sobre a relação entre a imprensa e o público. Embora seu legado na promoção e valorização do jornalismo de qualidade, Pulitzer também fez críticas contundentes sobre a imprensa. Em tempos que a imprensa (jornais impressos) eram o maior canal de comunicação, ele viu o potencial da imprensa em corromper o público.
Pulitzer alertava que, se a imprensa fosse irresponsável, o público se tornaria tão vil quanto ela. Essa ideia reflete a noção de que a mídia tem um poder imenso na formação da consciência pública. Desse modo, a irresponsabilidade jornalística pode levar à degradação moral e intelectual da sociedade.
O ícone do jornalismo acreditava que a imprensa tinha um dever cívico: educar e informar o público de maneira honesta e ética. Entretanto, ele também reconhecia que a busca incessante por lucro e sensacionalismo poderia corromper essa missão. Por isso, ele viu o jornalismo se transformando em um instrumento de manipulação, ao invés de um guardião da verdade. Visões bem próximas da manifestação de PHS e da ironia de Juca Chaves.
A visão de Pulitzer sobre a imprensa cínica(3) e seu público é especialmente relevante no contexto atual. Por exemplo, o jornalismo sensacionalista e as fake news proliferam nas redes sociais e nos veículos de comunicação tradicionais. Desta forma, o público que acompanha esta imprensa ou falsa mídia, torna-se tão vil quanto seus ídolos midiáticos. Se a imprensa se dedica mais a entreter do que a informar, ou a servir interesses econômicos, o público também se torna cúmplice desse processo. Por isso, vivemos num mundo de absorção e perpetuação das distorções e mentiras que surgem na mídia.
A VERDADE
A combinação das críticas de PHA, Juca Chaves e Pulitzer nos oferece uma visão complexa e, em muitos aspectos, sombria da imprensa. Por um lado, temos a noção de que a mídia tece a cooptação dos interesses econômicos e políticos. Por outro lado, a reflexão de Pulitzer nos lembra que o público, ao consumir passivamente ou até ativamente, é conivente. Em outras palavras, ao propagar meias-verdades ou informações falsas, também contribui para a degradação do espaço público.
A verdade sobre a imprensa, portanto, parece residir em um equilíbrio que não está presente em nossa sociedade tupiniquim. A imprensa deveria ser responsável, independente e "de rabo preso" com a verdade. No entanto, essa responsabilidade também se estende ao público, que precisa ser crítico e exigente em relação às informações que consome.
Quando a imprensa falha em seu dever, e o público aceita essa falha sem questionar, a verdade se torna uma vítima nesse processo. A busca pela verdade deve ser um esforço coletivo, onde tanto jornalistas quanto o público se comprometem a defender a integridade da informação. É tarefa de todos resistir à tentação de manipular ou sofrer manipulação, mas muitos atuam na contramão destas atitudes.
Em um mundo onde a desinformação pode se espalhar rapidamente, a defesa da verdade é mais importante do que nunca. A imprensa deve ser um farol de honestidade e clareza, e o público, um guardião vigilante dessa missão. Somente assim poderemos garantir que a verdade prevaleça em meio à cacofonia de vozes e interesses que permeiam o espaço público.
INTEIRO TEOR
Enfim, PHA explicou seu pensamento e a aplicação dele na história do Brasil. Inquestionavelmente, podemos dizer que não vivemos numa democracia. É provável que poucos países possuam uma democracia plena(4), mas o Brasil certamente não é um deles.
A frase lapidar:
“Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PIG, Partido da Imprensa Golpista”.
Surpreendentemente, os cidadãos brasileiros gostam de atacar a imprensa quando esta não agrada as suas convicções. Se a Direita, Centro ou Esquerda, não importando a definição dessas posições políticas acham que o PIG é real, temos um problemão. Com efeito, o Partido da Imprensa Golpista é um partidão, que se não eleger seu presidente favorito, tira o que lá está, desde 1889.
"Amanhã tem mais ..."
P. S.
(*) Atualmente, até para definir o que é ou não é imprensa e jornalismo está complexo. São tantos os canais de comunicação e com baixíssima qualidade dos comunicadores que concordamos com todas as críticas à mídia.
(1) "Entre Sem Bater - Paulo Henrique Amorim - PIG, um Partidão !" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/08/15/entre-sem-bater-paulo-henrique-amorim-pig-um-partidao/
(2) "Entre Sem Bater - Juca Chaves - Imprensa Séria" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2023/03/28/entre-sem-bater-juca-chaves-imprensa-seria/
(3) "Entre Sem Bater - Joseph Pulitzer - Imprensa Cínica" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2023/02/23/entre-sem-bater-joseph-pulitzer-imprensa-cinica/
(4) "Entre Sem Bater - Aristóteles - A Democracia" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/08/13/entre-sem-bater-aristoteles-a-democracia/