Campeão de esquecimento
Eu próprio já me esqueci de muitas coisas nesta vida. Horário no dentista, lugar onde deixei meu carro estacionado, onde ficaram os muitos guarda-chuvas que desapareceram e, inclusive, já esqueci até o meu próprio número de telefone. Porém o que aconteceu com meu cunhado hoje mesmo, no dia em que escrevo essa crônica, foi demais para minha cabeça. Safado como sou, no bom sentido, resolvi registrar o acontecido no papel para homenageá-lo um pouco e rirmos ainda mais. Mas antes de chegar à perola de hoje, conto outras passagens dele.
No dia de seu casamento chegou atrasado meia hora. Não que ele pensava ser a noiva e tenha feito isso como tradição, mas simplesmente não se lembrava do seu próprio casório.
Depois, teve o primeiro filho, uma menina. A mulher escolheu o nome e pediu para que ele registrasse: Ana Néri. Saiu todo empolgado, pois o nome escolhido era de uma famosa enfermeira.
Quando chegou ao cartório, a sua brilhante mente aprontou mais uma. Sabia que começava com Ana. E o segundo nome, qual seria? Vieram vários complementos: Clara, Paula, Flávia. Ficou difícil e como ele não queria voltar para perguntar, resolveu homenagear a heroína de sua cidade: Anita Garibaldi. Graças a muito ter ouvido dessa personagem histórica, lembrou-se de que os primeiros nomes eram Ana Maria. Registrou. Até hoje, ouve impropérios da esposa e da filha, que ganhou o apelido de Anita.
O que aconteceu hoje?
A mulher resolveu fazer-lhe uma surpresa e quando deu meia-noite, reuniu os filhos em volta da mesa e cantaram o Parabéns a Você. Teve direito a bolo, salgadinhos e refrigerantes. Todos desejaram feliz aniversário e lhe deram beijos, e ele ficou muito contente. Apenas, no outro dia, sua cara metade se deu conta de que havia antecipado um dia na comemoração.
Chegou em casa e ao perguntar se ele sabia que não tinha chegado ainda o aniversásio, veio a resposta:
- Eu nem sabia a data em que faço aniversário.
Aroldo Arão de Medeiros
27/02/2010