O Sopro da Vida
(Pai... Teus livros ficaram na estante da sala. Posso doá-los, não? Quiçá por à venda, não sei...)
(Mãe, amanhã é teu aniversário. Parabéns por esse dia, Mãe Nut Rainha Estrela d'Alva!)
(Há roupas – algumas ainda – de Vocês em casa. Terei de doar...)
Eu não vi os 47 anos passarem ao lado de meu pai nem os 46 ao lado de minha mãe. Simplesmente passaram –
(Quando insiro um travessão após um período e nada há após esse travessão é um sinal de que figura um vazio que preenche a si mesmo e uma ideia que teima em ser vista; é um recurso literário que eu emprego para dizer que há muito mais no que não foi dito do que o próprio texto em si tenta expressar. Meus textos são recortes de um texto maior; "não há nada fora do texto", diria Derrida. Calma, Filósofo. Calma. Há muita coisa fora do texto – e são outros textos à parte, pertencentes a outros assuntos e departamentos...)
Hoje foi um dia cansativo e meio chato. O dia que antecede o primeiro aniversário de minha mãe após sua partida desse plano terreno. Ah, Mãe! Feliz Aniversário onde estiver! Sinta o Amor desse filho que ainda te ama!
(As pessoas normais não suportariam viver como eu vivo – na mesma casa em que vivi com meus falecidos pais. A lembrança deles está em tudo, não? E o vazio fica maior a cada vez mais; mas eu – felizmente! – não sou "normal". Não tenho talento para ser normal. Sou bicho esquisito. Estranho até a mim mesmo. Como Camila do Nº 1.643. Como ninguém...)
Hoje é tão cedo e tão tarde. Criaturas mesquinhas se mordem de inveja, ciúmes, ódio gratuito... Como se não houvesse amanhã. Que a morte possa libertar os que são perseguidos. E que essas criaturas mesquinhas possam encontrar em seu karma a sua merecida lição!
(Antes de terminar – eu já estou indo embora – gostaria de lembrar as sábias palavras de meu colega de trabalho Luiz de História. Todos os dias são um recomeço. Todos os dias trazem um novo ciclo de oportunidades. Que a gente saiba aproveitar – mas sem optar por prejudicar ninguém nessa busca por felicidade, sucesso etc.)
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