CONSTRUINDO PONTES
Creio que no fundo somos construtores de pontes, no desafio diário e incessante de alcançar o outro lado da vida, do rio, da sala ou apenas de nós mesmos.
No fundo somos professores, que na ânsia de mudar o outro, acabamos por mudar a si e, quem sabe, mudar o mundo, construindo no sonho impossível, na ponta do giz, ou de uma caneta digital, uma escola em que quiséssemos aprender, um lugar que realmente tivéssemos vontade não só de estar, mas de ser.
No fundo somos alunos, que no mero desviar de olhos de nosso professor, sonhamos. Cabulando uma aula que nem sabemos de quê, sobre o quê, para quê, valeria nota? Seria um exame final? Difícil saber, porque nesse momento estamos sonhando.
Tantos números, tabelas, gráficos, acompanhamentos, que acabamos por nos esquecer que a educação está no encanto, no assombro de aprender o novo, no espanto de confrontar o certo, na mudança do que se dizia imutável.
Para isso aqui estamos, orientar é dar a mão, é mostrar um caminho possível, em meio a tantos prováveis. É amparar o perdido, é alertar aquele que de tanto caminhar tantas vezes pelo mesmo caminho esqueceu o destino, esqueceu de olhar a paisagem a sua volta, esqueceu que também já fez aquele caminho pela primeira vez, não se recorda que um dia já não soube andar, não se dá por si que um dia talvez volte a não andar.
Orientar é engolir o choro e levantar a cabeça, é isso e mais 5 mil coisas que é bom nem dizer. Orientar é, sobretudo, estar preparado para os desafios que surgem, e como surgem...
Escrito para um encontro de professores e orientadores pedagógicos, em 2016.