SERENIDADE PARA CAMINHAR SOBRE O DESCONHECIDO.

É preciso serenidade para caminhar sobre campos desconhecidos. O que a mente não pode explicar leva ao abismo da ignorância ou à paz de entender que a compreensão é limitada.

O mundo da existência material é forrado de incertezas, sendo a única certeza a de sermos pó animado que respira oxigênio, e que um dia cessará. O resto são criações cerebrinas, venham de onde vierem, conjecturas humanas. Não há porque desesperar.

Quem não conhece as fraquezas humanas e por elas sofre ilimitadamente, está nas proximidades do abismo e não tem como se salvar, ter paz. Ninguém altera a ordem natural do processo existencial.

A arrogância da representação divina, mais insciente que o pensamento cuja formação ninguém explica, é mais infantil que os brinquedos das crianças. E assistimos a captação de vontade dos néscios, despojados até mesmo de suas necessidades fundamentais, em muito, do pouco que têm, para tornar impérios os que se forjam da menoridade intelectual para formação de fortunas.

Deus não gosta de mentiras, existem tribunais desconhecidos, imaginados, conjecturados, falseados em favor da mentira para benefício próprio, que se mostrarão na hora do verdadeiro julgamento.

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“Sair do fundo do abismo

Tirou-me de um abismo mortal, de um charco de lodo.

Salmos, cap. 39, vers. 3.

A meditação

Há dias, como esse, em que tudo parece sair errado. As pequenas mesquinharias, a doença, a velhice, o desemprego, nos mergulham no charco. A lama invade nosso cotidiano. Pior ainda, nos sentimos no fundo do abismo.

Na Bíblia, estar no fundo do abismo é uma situação conhecida. Por causa dos ciúmes de seus irmãos, José foi lançado no fundo de um poço, como será mais tarde o profeta Jeremias.

Jonas, lançado ao mar, ficou também mergulhado nas entranhas do peixe durante três dias e três noites.

Longe da luz, no fundo de meu ser obscurecido, me descubro inesperadamente tão próximo dos homens da Bíblia. Suas histórias se tornam, aos meus olhos, um pouco de minha história. E como eles, uma pergunta me atormenta: “Quem vai me tirar do abismo?”

Ouço Jesus mesmo diante do abismo da morte, suspenso na cruz, gritar: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”

Também em mim tudo aspira pela luz. No mesmo instante, outra voz quase silenciosa murmura: “Aproxime-se. Não tenha medo, a luz está sobre você”.

A luz poderia me tirar do poço? Como José, Jeremias e Jonas foram resgatados vivos do fundo de seus abismos, poderia eu sair restabelecido, de pé sobre a terra? O próprio Jesus, no terceiro dia, saiu do túmulo. Sentado na beira do poço, ele sacia minha sede. A água lodosa se transforma em água da vida. Com ela, nos tornamos filhos da luz."

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 18/08/2024
Código do texto: T8131599
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