EXPERIÊNCIA QUE A VIDA NOS DÁ.

Por anos a fio venho tecendo minhas narrativas por meio das crônicas, gênero esse considerado menor no meio literário, porém, vestiu de glórias literárias um dos nossos maiores escritores e cronistas brasileiros. Rúben Braga, ou, velho Braga como era conhecido. Ele sabia como ninguém a arte da escrita simples, direta, numa quase conversa informal entre amigos. Inspirado nele, e em outros grandes nomes também, comecei a trilhar pela mesma tortuosa estrada. Buscando retratar de maneira simples, digna, minhas histórias, vivências, experiências, enfim, a própria vida no decurso do seu dia a dia. Confesso que, embora o texto em si seja curto, é certamente abrangente, empolgante, mostrando o cotidiano como nunca o vimos.

Foram tantas as histórias que contei, principalmente da minha infância, as minhas aventuras na fazenda Lindóia, interior Mineiro. Que lugar magnífico, quase mágico, hoje, existindo apenas nas minhas lembranças, o lugar ficou esquecido pelo tempo, tomado de mato e solidão. Quem lê minhas crônicas conhece um pouco dessas histórias. Falei muito de quanto eu saí de Minas para São Paulo na companhia do meu avô materno aos doze anos de idade. Do meu assombro ao ver a capital pela primeira vez, a Pauliceia desvairada, cheia de vida. Aquilo foi desconcertante, amedrontador, porém, o interior paulista, que seria o meu destino, fez tão mais agradável e calmo.

Praticamente, nestes anos de histórias contadas semanalmente em meu blog ou na minha página no recanto das letras, desenhei com palavras a minha própria história. Os longos anos de trabalho na Companhia Brasileira de Alumínio, minha injusta demissão, saindo com uma sequela, placas e parafusos na coluna, enfim. Eu poderia estar lá, vislumbrando nesse momento a aposentadoria, contudo, a história tomou outro curso. Depois de um tempo passei a trabalhar em mercado, com o público, açougue... Como foi difícil no início, porém, consegui me aprumar na profissão. Da época do mercado surgiram, talvez, as melhores e mais empolgantes histórias das quais escrevi nas crônicas.

O tempo passou, tive a oportunidade de retornar na companhia Brasileira de Alumínio, não por ela própria, mas, numa terceira. Foi um ano e três meses de trabalho, até ser novamente demitido sem nenhuma explicação. Ter que ouvir, " Estamos passando por um momento de cortes e você está sendo desligado", não foi legal ouvir isso novamente. A vida é assim, em um momento estamos aqui, em outro lá, e assim vamos seguindo. Hoje estou desempregado novamente, ou melhor, "disponível no mercado de trabalho", é mais elegante falar nestes termos, embora não seja nada agradável vivenciá-los, são experiências que a vida nos dá, não tem como fugir disso.

Conquistei alguns amigos por lá, reencontrei outros. Hoje, já sem um destino certo, rascunho essa crônica com o coração pesado. Tenho família para cuidar... Enfim, o mais provável é que eu retorne para o mercado, talvez um balcão de açougue novamente. Graças ao bom Deus, deixei portas abertas por onde passei. "Açougueiro" essa é a minha verdadeira profissão e não me envergonho de dizer. Na verdade, foi o primeiro ofício que aprendi. Quanto à escrita, as crônicas, provavelmente não as farei mais, confesso estar cansado de tudo. Quase ninguém lê, poucos se importam. Talvez eu escreva para mim mesmo, sem publicar em nenhuma plataforma. Talvez eu arquive os meus manuscritos e quem sabe o futuro seja benevolente e os encontre em outros olhos mais amorosos, ou, de repente, queime tudo.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 18/08/2024
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