Um vestibular pra vida toda
Betoquinha depois de uma noite desagradável com a namorada, onde ela terminou o namoro. Pegou o ônibus Cidade Nova IV entristecido e resolveu ir pra casa da sua tia Dina, pois no sábado sairia o resultado do vestibular. E na cabeça dele, lá traria sorte.
Assim lá pelas 22:30hs ele chegou, a casa de sua tia, que pelo horário o mandou tomar o café, refeição comum a noite, e em seguida tomar um bom banho e dormir, visto que ele parecia abatido.
Após cumprido os ritos foi se deitar num beliche, na parte de cima lá na anti sala com o Júnior, seu primo, que estava na cama de baixo e ambos conversando, ele se queixou do fora, que recebeu da namorada. E o Júnior o consolou dizendo:
- E Betoquinha, não fica assim, amanhã será um grande dia.
Ao amanhecer Aldenir, seu primo mais velho o acordou dizendo:
- Bora rapaz acorda pra cuspir. Daqui a pouco sai o resultado. Vai tomar o teu café.
E ele levantou observando, que o radinho de pilha já estava ligado.
Depois da higiene pessoal assentou- se a mesa na cozinha a conversar com o Júnior, sobre um sonho, de ter sido aprovado, sem conseguir se desantenar do rádio da vizinha que em alto bom tom jánarrava:
- Curso de Arquitetura e Urbanização, duzentas vagas ofertadas e duzentas preenchidas...e seguia o locutor... Almada Santana Suzuki , Ana Beatriz de Souza...Wanderson Carmo Alencar...
- Curso de Administração, cento vagas ofertadas e cem vagas preenchidas. Preparem o trigo e os ovos, que a festa vai começar e vamos aos nomes: ...Ana Maria Rosa de Alencar, Alexandre Horta da Cunha... Cláudio de Souza Fontoura... Gilson Carlos Rodrigues, Ivonete de Andrade Silva...Inaildo Farias Barreto...Josias Mesquita... Paulo Sérgio Pinheiro... quase findando aquela lista, o coração já estava a mil. Nem conseguia conversar direito com Júnior, tamanha era a ansiedade e aflição. Os queixumes de amor haviam ficados para trás. E quando pegou o pão e pôs na boca... nem conseguiu engolir, porque naquele exato momento Aldenir entrou com uma tropa e o carregaram gritando de alegria:
- O Betoquinha passou...ele passou...
Saindo a carregá- lo no colo, sem camisa pra rua.
E Betoquinha nervoso dizia:
- Quero ouvir o meu nome, quero ouvir o meu nome...
Como se precisasse ouvir por si, pra ter certeza. Todavia os parentes e amigos não deixaram.
Outra vez Paulinho Diabo, com Aluísio, Júnior e outros o colocaram no mesmo troninho do ano em que o Júnior foi aprovado. E o Paulinho mandou brasa ao corta o cabelo.
A música tema do vestibular tocava feito hino nacional na Bernaldo Couto, pois muito dali haviam passado. Enquanto o Paulinho cortava o cabelo do Betoca, alguém veio e deu um banho de champanhe nele, tentando faze- lo beber , visto que ele não bebia.
A tia Dina ligava pra Maria, a mãe do calouro pra vir parabeniza-lo e vir festejarcom o filho, enquanto muitos ainda o abraçavam e o pintavam, até que o Jango, que cursava medicina pediu pra não passarem aquela tinta tóxica nele.
Quando a mãe dele chegou ele já estava batizado... todo pintado, lambuzado de ovo com champanhe, talco e todo careca.
Ela começou a chorar abraçou sua prima irmã Dina, o tio Ademar e agarrou carinhosamente o filho pra leva-lo pra rua do Fio, onde de fato ele morava.
Ao subirem a ladeira da Bernaldo até a parada do ônibus, muitas pessoas que o conheciam o parabenizavam.
Quando enfim o Djalma Dutra apareceu, ele foi na frente ao lado do motorista, pois estava molhado e todo sujo.
Lá chegando às meninas, suas amigas, quase o deixam sem roupa. O agarraram como se fosse uma celebridade, o banharam, de novo jogaram ovos, trigo e tinta. Seus amigos como Marivaldo vieram parabenizar. Enquanto a música do Pinduca preenchia o ar ... dizendo:
- Alô, Alô papai, alô mamãe bota a vitrola pra tocar...
Vários vizinhos vieram o cumprimentar, muitos acenavam das suas janelas e todos compactuavam com aquela alegria.
Não obstante aquele momento, as meninas organizaram pra noite, uma festa na casa do seu Raimundo, pai da Rute pra unir os amigos e primos do Betoquinha lá da Bernaldo Couto a confraternizar com os da Rua do Fio.
A festa foi até umas horas da madrugada com tudo de bom, que até a dona Wilse, vó do calouro, de setenta e poucos anos se arriscou e dançou com os amigos e primos do seu neto.