Pássaro da Paz
Há prisões sem muros mais restritivas que qualquer penitenciária federal, onde os sonhos são oprimidos por correntes de sólido material sacrificial. Há holocausto da nossa esperança no dia a dia sem que haja sombra de um Abraão.
Há existência onde o coração pulsa aterrorizado, sem um minuto de paz. Há ambientes onde as palavras enterram mais nossa dignidade do que a pá ansiosa do coveiro que quer logo ir pra sua casa.
Há ambientes onde o vento mais rigoroso, vindo carregado do calor causticante como que saído das entranhas do Etna, não leva consigo tudo o que estremece a alma, só realçando mais ainda a perturbação que rói como a traça o tênue tecido da paz.
Paz, onde você está? Conceda-me pelo menos um segundo debaixo de tuas asas...por favor.
Leva-me no teu bico, ou nas tuas garras e devora-me no teu ninho onde jamais o infortúnio ou o sofrimento alcanca.
Me encontre no meu último momento neste mundo, que até onde aqui vivi, minha existência foi somente aflição e estremecimento e sobressaltos...permita-me adormecer na noite eterna do teu seio...