O amor foi dar uma volta, mas será que ele volta?

Numa dessas madrugadas, acordei às 3 da manhã. Nem havia motivo para não voltar a pegar no sono. Claramente não era um desconforto físico ou uma preocupação consciente. Há muito tempo a insônia não me visitava. Pelo jeito, ela quis também se aproveitar da cama macia e agradável e bater um papo daqueles fora de hora, sendo bem inconveniente e oportunista. Mas a mente, curiosa, gostou da visita e com ela quis conversar.

Em meio à lembranças involuntárias, ela me trouxe a infantil porém profunda reflexão:

Alguns acreditam que o amor seja como o "papai noel".

Uma espécie de lenda, na qual você acredita por um tempo, na expectativa de que ele venha e lhe traga algo. Muitos veem o amor dessa forma.

Uma visão pueril e na minha opinião, bem egoísta.

Idealizações e expectativas muito altas, que não condizem com a realidade. Outros, claramente não acreditam, e por isso o desprezam, evitando pensar no assunto e vivendo no piloto automático. Sem sentimentos, apenas "fazendo o que tem que ser feito". Dia após dia, até o próximo Natal chegar.

Mas, por onde anda o amor? Acho que talvez ele tenha ido dar uma volta. Mas será que ele volta?

Ou será que saiu para "comprar cigarros"?

Será que o espantei com o meu excesso de realidades?

Na verdade, acho que depois de conhecê-lo (e sim, eu o conheci), por despreparo, tive medo e fugi. Mas não me arrependi. De certos tipos de "amor" continuo a fugir. Não me julgue. Somos o que conseguimos ser. Fazemos o que conseguimos fazer.

Hoje, ele já não me assusta. Mas talvez tenha se tornado uma lenda. Um personagem que não sei mais se realmente existe, ou apenas alguém que foi "ali", sem a intenção de voltar. Talvez eu tenha sido essa pessoa e apenas agora me dei conta, para o meu espanto. E dele ainda continuo fugindo, o que muito contradiz minha afirmação de não sentir medo.

Concluindo a minha infantil indagação: assim como o Santa Klaus um dia existiu, o amor existe sim. Não da forma como o mundo o tem contado. Um tanto infantil e tendenciosa. Mas não é lenda, nem história para dormir.

Por falar em dormir, talvez depois de contar essa história para mim mesma, em poucos minutos o sono me visite - e o amor também, em algum dos meus sonhos. Vou dormir. O Natal ainda está um pouco longe. O Papai Noel e o amor, aparentemente também.