A SOLIDÃO E A JORNADA DA ALMA
Em meio ao tumulto do cotidiano, é inevitável que, em algum momento, todos nós nos sintamos sós. É uma sensação inconfundível, uma nostalgia que ecoa de uma origem distante, evocando uma lembrança de algo que já foi. Sente-se a solidão como um sinal de que estamos longe de nossa verdadeira casa, em uma jornada temporal dentro de uma existência atemporal.
Nos encontramos em um mundo que é, ao mesmo tempo, uma escola e um hospital. É aqui que somos educados e curados, aprendendo lições profundas sobre a vida e sobre nós mesmos. A solidão que sentimos é uma saudade que existe tanto deste lado quanto do outro lado da vida. Ela é a manifestação de ausências e presenças em dimensões diferentes, um anseio por algo mais, por alguém mais.
No entanto, a solidão é também uma necessidade, uma parte essencial de nossa jornada espiritual. É através dela que aprendemos a valorizar os reencontros, a alegria de nos reunirmos novamente com aqueles que amamos. A cada giro do carrossel das reencarnações, nos preparamos para assumir nosso lugar como coadjuvantes na criação. Mas ainda assim, a solidão persiste, especialmente quando pensamos naqueles que amamos e que ainda estão presos nas teias da ilusão.
É por amor que aceitamos retornar à terra, enfrentando a solidão e a dor para resgatar aqueles que nos são caros. Essa é a essência do verdadeiro amor: resignar-se e enfrentar tudo, simplesmente porque amamos. A solidão, então, não é apenas uma prova de nossa condição humana, mas também uma expressão de nossa capacidade de amar profundamente.
A jornada da alma é uma de retorno, de voltar ao lar, mas também de trazer outros conosco, de compartilhar a luz que encontramos. A solidão, em sua essência, é uma preparação para esse reencontro final, uma lembrança constante de que não estamos sozinhos em nossa busca por significado e conexão.
Tião Neiva