Calor
Ele provoca o fervilhar do sangue de Sophie.
É instigante.
Deliciosamente apavorante.
Sabor de verão, anjo malvado.
Os olhos azuis mascaram a inocência deste pecado.
Ela prende os cabelos para refrescar a nuca suada e quente. Precisa retornar do sonho, voltar a realidade, há muito trabalho a fazer.
Os papéis espalhados sobre a mesa, e o pensamento ao longe, atravessa a ponte e vai até a Ilha dos seus desejos. Sophie luta para retornar e concentrar-se no relatório a preparar, mas é impossível. Este homem estranho, alto, forte, que ela mal conhece e nem sabe o seu verdadeiro nome está dominando os seus pensamentos.
Levanta-se, vai até o bebedouro, entorna uns dois copos de água gelada.
Volta ao trabalho, digita uns números, analisa, compara...
Ele volta, loiro, lindo...Provocante...
Calor, Sophie precisa fugir!
Vai até o pátio da fábrica, conversa com alguns funcionários, registra mais alguns dados.
“Eles são ótimos em refrigeração” – pensa, sarcástica.
Volta ao relatório, mais concentrada, conclui o trabalho.
Lindo, loiro, provocante...
É o diabo em forma humana, que quer tirá-la da posição de boa menina.