A Saída ("é por ali, Moço...")
A quase um ano da partida prematura de minha Amada Mãe e Amiga eu começo a reparar em alguma coisas que fazem muito sentido. Deduzo que problemas como a morte de um ente muito querido têm um peso enorme nos primeiros dias. Mas que dali um tempo a gente passa a compreender que essa dor não se repetirá mais. As pessoas só morrem uma vez. Meus pais estão mortos. Mas eles não morrerão novamente. Essa dor não há de durar. Essa fase intermediária dos dias, no inverno (entre as 17h00 e as 18h00) tem trazido alguns pensamentos dolorosos em mim. Me faz pensar num luto contínuo, um pesar que me faz sentir numa região física-psíquica de escuridão e sofrimento. A casa onde ainda moro é escura (portões e muros altos, que nós três havíamos escolhido para lidar com a xeretice e a barulheira de vizinhos sem educação). Minha mãe não gostava dessa sala. Achava-a com um ar lúgubre, triste, sem brilho. Minha ex-companheira também compartilha dessa impressão. Vivi com meus pais por cerca de 33 anos nessa casa. Em breve eu devo deixá-la e ir morar numa outra casa de meu pai, mais ao centro. Casa muito mais antiga, mas com uma energia melhor. Menos dolorosa, não tão fúnebre como essa em que ainda vivo desde maio de 1.992.
O que me motivou a escrever essa crônica dolorida é o que segue: não há dois setembros iguais; dois dias idênticos; duas pessoas com exatamente a mesma forma de pensar; problemas sem solução etc.
"Não há dois setembros iguais": esse é o mote para essa crônica. Ele tem um ar que eu atribuo transitar entre o poético e reflexivo. Entre o Ontem e o Amanhã. Que traz uma mensagem de Esperança. Que me faz ver sentido em recomeçar minha vida noutra casa. De procurar novas amizades – pessoas com quem valha a pena se encontrar nos fins de semana e domingos. Para buscar uma felicidade a que há tanto eu procurava. A felicidade do contato humano, visual, verbal. A felicidade de saber que uma fase acaba para que novas fases venham em seu lugar. Até o dia de nossa Libertação Total da Vida –