Falecimento

Hoje está fazendo 14 anos que ela partiu deste mundo, agosto 2014!... Eu retrucava:

-- Senhor, mas ela precisa partir?

Um silêncio profundo, podia até ser sobrenatural, pairava naquele corpo quase sem vida. O nosso mundo tão cheio de lógica, não consegue definir que não existe o tempo nem espaço. Aquele ser tinha sido de uma importância enorme, no seu espaço aqui, o tempo dedicado continuamente a explicar tudo sobre os mistérios que nós jamais compreenderemos, (pelo menos eu) porque ela dedilhava numa precisão incrível toda história sobre ti, Meu Jesus, uma cristã devota, com uma fé inabalável, coisa imensamente bela, porque nos seus ensinamentos havia algo de mais belo, mais do que qualquer estrela brilhante, sem dúvida, porque é o amor, este sentimento o maior dos seus mandamentos, Senhor.

Quem foi essa criatura que tanto expresso com veemência?

Essa criatura era minha mãe, Maria Vitória Florentino, que com seus quase 100 anos de existência parte para o Criador. Poucos dias antes de sua morte, sua mente já estava numa demência insensível, não se lembrava de nada, pela lógica não havia como!... Eu nas minhas divagações, pensamentos inconcebíveis, dizia:

---Senhor, ela tem que partir?

Mas ela na sua mente privilegiada, sempre explicou sobre ti, sua história, nas aulas inesquecíveis por alguns de seus alunos do catecismo, porque não preservaste pelo menos sua lucidez?

Logo a seguir alguém faz uma pergunta à algumas pessoas que passaram a noite cuidando dela já bastante enferma:

---como ela passou a noite? Foi incrível, ela mesma declara:

---foi tudo como Deus queria.

Alguém responde:

--- deixa Deus saber disso!?...

Foi incrível, porque naquele instante ela a Maria Vitória Florentino, na sua altivez costumeira, algo reativa no seu cérebro e responde:

--- então vocês não sabem que Deus sabia tudo sobre mim, até desses meus últimos dias de sofrimento?

Foi sua última aula sobre esses mistérios insondáveis.

E eu na minha insistência pedia:

--- Senhor, ela tem que estar nos seus Céus, o Paraíso, onde não existe mais o sofrimento.