"Você não vê que ainda estou aqui"
"No palco faço amor com mais de 25.000
pessoas e depois vou para casa sozinha".
Acordei assobiando feito um passarinho. Eu queria imitar o sabiá-laranjeira que mora perto da minha casa. Ele não me deixa dormir. Canta triste como se fosse a última vez. É a espécie mais famosa porque canta meloso e tem a cor de ferrugem no ventre. Anda ciscando pela manhã, a tarde fica escondido nas folhas das árvores mais altas. O canto serve para demarcar território e, no caso dos machos, para atrair a fêmea. A fêmea também canta, mas numa frequência bem menor que o macho.
Mas hoje eu quero falar de outra sabiá. Essa era mais forte, mais robusta e cantava nos palcos da vida. Ela está na lista do Clube dos 27. Sua voz era potente, metalizada e suave. Ícone do rock mundial. Nasceu em Port Arthur em 19 de janeiro de 1943. Morreu em 4 de outubro de 1970. Foi uma cantora, compositora e multi-instrumentista americana. A revista Rolling Stone considerou-a entre os 100 maiores artistas do planeta.
Quero contar a minha história de como conheci Janis Joplin. Isso foi em 1968 eu morava em Goiânia. Tinha 18 para 20 anos. Na época frequentava uma casa que ostentava no alpendre uma luz vermelha bem fraquinha. No recinto, o que mais se ouvia era rock. Música popular brasileira era uma raridade. Às vezes tocava "A garota do baile" de Roberto Carlos que fala em seus versos "A última dança/Já vai começar/Ela entende o meu olhar". Uma música bem sugestiva para o ambiente. Lembro-me bem destes versos e dos olhares. No mais, era só música americana, especialmente Piece Of My Heart com Janis Joplin. Nessa música, sua voz é bem agressiva diferente da que ouvimos em Maybe que tem uma esperança dolorosa, cheia de arrependimentos, foi composta para o ex-namorado David George Niehaus. Às vezes me dói ouvi-la.
As frequentadoras do "bunker" diziam para mim que gostavam de Janis Joplin por serem parecidas. A diferença que descreviam era de que elas tinham local fixo para trabalhar e a outra marcava ponto nas paradas de ônibus. Outra coisa que me contaram é que Janis Joplin sonhava com um trem cheio de veados descarrilando em uma ribanceira. Não sei de onde tiraram isso. Mas que pode ter um fundo de verdade, pode!
Ela lutou muito para libertar as mulheres das suas angústias. Infelizmente morreu de overdose no auge do sucesso. Com uma carreira em ascensão. Ficou sem usar drogas três semanas antes do seu falecimento. Nessa época ela não quis assumir nenhum compromisso sério. Estava focada em sua carreira. Ela teve encontros eventuais com atores e cantores da época, dentre eles o músico Jimi Hendrix, que também morreu no mesmo ano.
O uso de droga incontrolável afetou sua saúde física e mental, causando depressão e tentativas de suicídio.
Ouça "Piece Of My Heart" com Janis Joplin e "A garota do baile" com Roberto Carlos. Fale de qual gostou mais. Eu gosto de ser surpreendido!
E vamos que vamos...