É preciso saber a hora de ir
Chegou a hora. Talvez você não tenha percebido de imediato, mas o momento de partir se desenhou aos poucos, como o crepúsculo que vai apagando a luz do dia, quase sem alarde. A gente se engana achando que pode ficar mais um pouco, que há algo mais a ser dito ou feito. E talvez até haja. Mas, ainda assim, é preciso saber a hora de ir embora.
A despedida, por mais dura que seja, não é o fim de tudo. Ela é, na verdade, um recomeço, uma nova chance de encontrar outros horizontes, de desbravar novos caminhos. Mas para isso, precisamos aprender a largar o que nos é confortável, o que já conhecemos de cor. É difícil, eu sei. Quem gosta de deixar para trás o que tanto lutou para conquistar? Mas a vida é feita de ciclos, e eles precisam se encerrar para que novos possam começar.
Você já sentiu aquele silêncio constrangedor, quando as palavras parecem esgotadas e as risadas já não preenchem mais os espaços? Pois é, esse é o sussurro da vida dizendo: "vá". Não adianta prolongar o que já está se despedindo em silêncio. Insistir é como tentar manter acesa uma chama que, naturalmente, se apagaria. Em vez de deixar que ela se apague de forma tranquila, acabamos soprando mais forte, e o que resta é a escuridão repentina.
Ir embora não é uma fuga, mas um ato de coragem. Exige força para reconhecer que aquela história chegou ao fim, que aquele abraço já não aquece como antes, que aquela conversa já não flui. E está tudo bem. Partir não significa esquecer, mas levar consigo as lembranças, as lições e as emoções que foram vividas.
Quando você se for, não deixe rastros de amargura, mas sim de gratidão. Agradeça pelo que foi, pelo que te fez sorrir, pelo que te fez crescer. E siga em frente, sabendo que, em algum lugar, algo novo te espera. É preciso ter a sabedoria de perceber que a hora de partir chegou e a coragem de dar o primeiro passo para longe.
No fundo, todos nós sabemos quando é o momento certo. Sentimos, ainda que lá no fundo, que o cenário mudou, que as pessoas mudaram, que nós mudamos. Mas, às vezes, resistimos. Por medo, por insegurança, ou simplesmente por apego. Mas, quando a hora chega, devemos ir. E, ao ir, abrir espaço para o que ainda está por vir. A vida é feita de idas e vindas, e é preciso saber quando é hora de ir embora.