Afastamento compulsório
Rocco e Antonela são pais de uma adolescente que está atravessando alguns problemas relacionados com o espectro autista. Ela não está se sentindo à vontade para frequentar a escola, está sob tratamento e, dando muito trabalho por conta da saudade que sente do pai.
O casal está separado por muitos quilômetros. A necessidade de trabalho o fez sair do sertão nordestino para as terras paulistas. Devido à distância de Rocco, quem está com a carga mais pesada é Antonela.
Conversando, certa manhã, através de uma rede social, ambos lamentam a distância e a falta de oportunidade de emprego que possibilite o retorno dele e, enfim, a reunião da família.
Rocco inicia o diálogo enviando uma música que fala de saudade.
- Bom dia, meu amor. Essa música é para iniciar o nosso dia.
Como a música falava de encontro, ela responde:
- É preciso... já não estou mais aguentando essa situação.
Quando ela comentou que não vê portas e nem janelas se abrirem, de maneira a propiciar o reencontro, ele filosofou:
- Calma... as portas e janelas podem estar camufladas por folhas que ainda vão cair e revelar a nossa tão sonhada saída desse labirinto de pensamentos.
Um segundo depois, veio à resposta dela:
- Que Deus abençoe cada palavra dita e nos permita viver esse momento! Acho que vamos ter de pensar em algo que nos possibilite viver a nossa história.
O distanciamento provoca nos dois algumas manifestações de tristeza, desânimo que ambos tentam combater para que se mantenham fortes e esperançosos. Mas não é fácil, por isso ela desabafou:
- Ando desmotivada. Tento buscar forças para seguir. A situação de nossa filha aqui, tem mexido muito comigo, porque não sei o que fazer. Precisava de você aqui.
Ele, para animá-la, buscou forças de onde não tem para responder:
- Entendo que você está fazendo o que está ao seu alcance, mas esbarra na falta de reação da nossa filha. Pode ser que o problema dela seja muito profundo e será necessário que o tratamento, iniciado recentemente, dê "mais corda" para que o fundo seja alcançado. E isso requer tempo.
Com o desenrolar da conversa, Rocco incentivou-a a falar com a psiquiatra que acompanha a filha deles. Ela achou uma boa ideia:
- Acho que é esse o caminho.
E assim, com muita paciência, ambos seguem longe um do outro, mas contando os dias para o reencontro, durante as férias dele.
12/8/2024