Papai
Papai (José Carlos de Bom Sucesso - ALL)
A voz gritava bem forte a palavra “papai”. Ainda era a voz fraca, fina, em baixo tom, sem muita expressão para quem passava pelo local, mas de grande rompante para o ouvinte, um rapaz de meia idade, cabelos pretos, cacheados, de boa altura e corpo esbelto.
O tempo parou por aquele momento. Parecia que os segundos não eram mais segundos e se tornavam horas eternas, horas com mais de sessenta minutos. Alguns transeuntes paravam para verem aquela cena maravilhosa, cena que aconteceria uma vez a cada quinze milhões de vezes.
A criança corria desenfreada como o veículo sem freios descendo ladeira à baixo. A petiz não enxergava nada a não ser a figura de “papai”. A cada passo, o volume do nome do pai era ouvido, mas com a tonalidade mais forte.
Então, “papai” abriu os braços e dizia “filhinho querido”. “Saudades estou de você”.
Em pouco tempo, a criança já estava nos braços do pai amado. Este, mais uma vez, a abraçava com todo carinho do pai participante da vida do filho. O pai que conduz a criança, o pai que dá força para o filho amado, ensinando-lhe a ser gente, a ser homem (no sentido da frase), a ser honesto, a ser responsável e carismático, a ser impulsionado pela força motriz do pai.
Neste dia, a criança que alguém foi, as lembranças dos encontros nas praças, nos abraços de final de tarde, das bênçãos recebidas, o filho deveria lembrar que tem ou teve um “papai” que foi capaz de tudo para ver-lhe crescer e ser “homem” na vida. O forte abraço para o “papai” vivo e muitas orações para o “papai” que foi morar junto do Grande Arquiteto do Universo.
Assim, no dia dos pais, não faltarão lembranças, não faltarão risos, não faltarão choros e soluços, pois a figura paterna estará sempre presente na vida do filho.