A Vida em todo lugar

ElsonMAraujo

Não diria que é uma paixão, mas confesso que tenho um grande apreço pela fotografia. Durante aproximadamente cinco anos, vivi uma espécie de encantamento por essa arte, que floresceu a partir da minha admiração pelos trabalhos do renomado maranhense Brawnir Meireles, um dos melhores fotógrafos do Brasil. Também me inspirava nas obras do fotojornalista Daniel Sena, cuja maestria era inegável. Quando ocupava um cargo público, incentivei a Fundação Cultural de Imperatriz (FCI) a promover um concurso de fotografia. O evento contou com pelo menos sete edições e atraía muitos artistas da luz, movimentando a cena cultural da cidade por um longo período.

O “Olharte Imperatriz”, sob a direção do inquieto Lucena Filho e sua equipe, tornou-se um marco na história local. Embora a intensidade do meu amor pela fotografia tenha diminuído, o apreço pela arte permanece.

Para aqueles que escrevem, a fotografia é um poderoso estímulo. Muitas vezes, a beleza – ou a falta dela – chega com uma força tão intensa que apenas capturar a imagem não é suficiente; é preciso também eternizar aquele momento em palavras. Já vivi essa experiência várias vezes e considero essa prática uma valiosa ginástica para fortalecer e estimular as conexões cerebrais.

Recentemente, deparei-me com uma cena que me impactou profundamente e que logo procurei registrar. Infelizmente, perdi o registro quando formatei meu computador. Tratava-se do nascimento de uma flor vinca em um local dos mais improváveis: no vinco de uma parede que mais recebe a luz do sol em minha casa. A pequena planta, que sobreviveu por pelo menos cinco meses, brotou no concreto puro, sem qualquer adubo. Mesmo assim, todos os dias, saudava os moradores da casa com sua brancura (existem outras cores), impressionando-me com sua resistência e capacidade de sobrevivência.

O fato de a vinca ter surgido em um ambiente tão hostil pareceu-me uma metáfora para a vida. Em meio às adversidades e à falta de condições ideais, a vida ainda é capaz de encontrar um caminho. Essa experiência me ensinou que, mesmo em circunstâncias desfavoráveis, com um pouco de água, atenção e um ingrediente primordial chamado amor, a sobrevivência é não apenas possível, mas muitas vezes surpreendente.

Além disso, a vinca, cientificamente conhecida como *Catharanthus roseus* ou *Vinca rosea*, também chamada de planta boa-noite ou vinca de Madagascar, possui propriedades medicinais notáveis. Rica em alcaloides, esta planta é recomendada para auxiliar no tratamento de feridas, diabetes e pressão alta, devido às suas propriedades cicatrizantes, diuréticas e antidiabéticas.

A presença dessa planta em um local tão improvável não é apenas um testemunho de sua resiliência, mas também um lembrete de que, em muitos aspectos, a vida, assim como a vinca, encontra maneiras surpreendentes de prosperar.

Ao refletir sobre a perseverança desta pequena planta, percebo que cada um de nós, em nossas jornadas pessoais, pode encontrar inspiração e força nas circunstâncias mais inesperadas. Talvez, assim como a flor vinca, possamos todos florescer e prosperar, mesmo quando o cenário à nossa volta parece menos que ideal.

elson araujo
Enviado por elson araujo em 10/08/2024
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