RESSONÂNCIAS DE UMA ALMA BRASILEIRA

Não sei dizer em palavras a emoção que sinto ao ouvir o Hino Nacional Brasileiro. Existem muitas explicações embutidas no que eu sinto. Primeiro, ele é a minha história, a minha origem. Cada acorde parece pulsar em minhas veias, como se a música fosse o próprio sangue que corre em mim. Lembro das celebrações no pátio da escola, quando todos cantávamos enquanto a bandeira tremulava no ar. Era um sentimento muito profundo, mesmo sendo ainda uma criança, mas me lembro disso como se fosse hoje. Eu sabia ser um momento importante, e me entregava àquelas celebrações.

E os desfiles de 7 de Setembro? O uniforme tinha que estar impecável! A blusa branca, bolso bordado com o nome da escola, saia plissada abaixo do joelho, sapato preto e meia. Sem esquecer da famosa gravatinha de gorgurão. Levávamos a caderneta para ser carimbada, pois se não comparecessemos ao desfile, era suspensão de 3 dias, ou poderiamos levar um atestado medico.

Mas eu nunca faltei porque adorava aqueles desfiles! Achava mágico desfilar no meio da rua, ao compasso da banda da escola que  muitas vezes liderei levando a faixa.

Se pensarmos bem, o Hino Nacional carrega nossa própria história, nossos valores tendo esculpido imagens dentro de nós que nunca serão esquecidas. Cada nota, cada palavra, sinto como se fosse uma ponte que me reconecta às minhas raízes. O hino é mais do que uma canção; é a expressão viva de quem somos, de onde viemos, e do que levamos conosco, mesmo a milhares de quilômetros de distância. E por morar aqui há tanto tempo, ouvir esse hino é como se eu fosse carregada por sentimentos antigos. Ele me lembra que, não importa a distância, o Brasil está sempre em mim, como uma chama que nunca se apaga.

Quando Rebeca Andrade  subiu ao pódio e conquistou a medalha de ouro, meu coração bateu em ritmo acelerado. Ao ouvir o Hino Nacional ecoando naquele ginásio, o rostinho dela com emocoes tao genuinas,  era como se o Brasil inteiro estivesse presente, vibrando junto. A bandeira do Brasil sendo hasteada ao lado da bandeira dos Estados Unidos, senti ali vivas minhas duas cidadanias, e as lágrimas vieram sem que eu pudesse controlar. O orgulho e a saudade se entrelaçaram, formando um laço indissolúvel entre mim e a minha pátria. Não era apenas uma vitória dela, mas de todos nós, de nossa história, de nossa garra.

Naquela hora, o hino transcendeu a música e tornou-se o clamor de uma nação que nunca se rende.

E, mesmo sendo cidadã americana, meu coração continua pulsando pelo Brasil, com amor e saudade que não conhecem fronteiras.