FELIZ DIA DOS PAIS
FELIZ DIA DOS PAIS
É incrível, como na maturidade, enxergamos até de olhos fechados, compreendemos acima da razão, o quão bom seria, medir as palavras e, até mesmo as ações involuntárias, que, com o passar dos anos, nos assaltam como se fossem fantasmas do tempo, da arrogância vulgar e da valentia descabida, quando a doçura do amor seria a resposta mais digna, àqueles açoites imprevistos a que nos reportamos. Hoje, eu gostaria que o meu pai me visse, me lesse e sem duvidas se orgulhasse do homem que me tornei. E é por isso, que nos sonhos, nos pensamentos, eu me dirijo à casa paterna e seus aposentos, as velas acesas abriam os olhos de ouro na moldura dos planejamentos, que nostalgia, que lembranças de calor deveria transmitir, aquela casa tão conhecida em que meus irmãos pernoitavam. Debrucei-me na janela para apreciar a noite, o silencio, ouvir os murmúrios. No céu a lua levantou-se tarde e resplandecia sobre os galhos das figueiras da praça da misericórdia onde os pássaros dormiam. Na noite, ao ar livre, o silencio era atravessado por centenas de rumores distantes e farfalhas persistente. De vez em quando chegava um remoto bramido vindo do mar. Da janela, eu estendia os ouvidos a esse entrecortado respiro e tentava imagina-lo, sem o alvéolo familiar da casa, ou alguém que se encontrava só, como eu, totalmente entregue a si, tendo apenas a noite como companhia. Fui para a cama, mas não quis apagar a vela, talvez, aquela luz na janela do quarto, pudesse me fazer sentir, que eu não estava só
É que na estrada da vida descobrimos, que pouco paramos, assim, estamos sempre ajustando as velas e seguindo rumo ignorado, até vislumbrar-nos um novo porto. A inspiração dos amores platônicos, surgem como flores brotadas de ruinas, dignas de serem inspiradoras das ações de um amor tão puro quanto o céu azul imaculado, que nos prende porque não nos pode enganar, nem iludir, sobretudo, em nossa idade, em que o coração é mais cheio de ardor e imaginação. E assim, o barco que ancorar no passado, jamais conhecerá o futuro, direi que somos sobreviventes, órfãos de pai de mãe, viajantes itinerantes do tempo, refém do medo, porem compassivos e, talvez quase felizes, em poder desejar a todos, inclusive a nos mesmo um feliz dia dos pais.
Airton Gondim feitosa