A Força
Quarta-feira. 7:15. Ruas Vazias. Férias escolares. Inverno. Céu nublado. Sem neblina. Deixei os fones de ouvido em casa. Quero escutar os sons do mundo. Da vida como acontece para os outros. Captar o encanto da aspereza do asfalto. Da sutileza dos pés que caminham sem se afastar demais do solo. Sempre correndo risco de tropeço. A vibe hoje é outra. Conexão com o externo. Poesia concreta. Crônica incerta. Deixar a criatividade se misturar naturalmente com os cheiros, barulhos das ruas que ganham movimento devagar. Dobrei uma esquina e caí em um lugar iluminado demais. Nenhuma poeira fica escondida pelas frestas. Insights doloridos. Novas perspectivas, outros ângulos. A certeza das mesmas armadilhas. A mente passeia pelas sombras, os olhos observam se vem carro, se é possível atravessar a rua, a dor, chegar ao outro lado. Apoiar os pés na calçada e seguir em frente. Nesse ainda estranho movimento de despertar e ressignificar. A vida de dentro. A vida fora. Mesmo sendo única, sou parte de um todo. Mesmo sem noção de pertencimento, faço parte. Cumprimento algumas pessoas com um sorriso de bom dia, desconhecidos que podem me conhecer. Ainda me surpreende abrir um sorriso, tantos anos escondendo os dentes! Respiro fundo, buscando fôlego, quase chegando ao meu destino. Então me lembro do quanto já caminhei. Do quanto cresci, e conquistei. Eu posso muito mais!
*Si*