ESCREVI, ESCREVO E ESCREVEREI

Escrever em minha vida, começou na escola, sempre houve estímulo nas aulas de redação. Havia até uma certa competição para atrair a atenção da professorinha nos primórdios da alfabetização de minha história pessoal. Como era bom ter a redação lida e elogiada para todos da sala. Isso muito estimulou, e pela imaginação e observação muito fortes nessa fase da vida, misturava ideias e lembranças na construção da temática proposta. Memória de elefante sempre tive, não pra tudo, aí seria de Jumbo, mas apara muita coisa que me soava interessante, seja lido em quadrinhos, ou simplesmente observando o cotidiano social, na escola, na rua, em casa e na igreja. Ah... a igreja, era local sagrado de concentração, mas observava tudo e em muita coisa achava graça, um certo humor, nos pitorescos acontecimentos de cidade pequena.

Sou o caçula de 8 irmãos, com exceção dos que já partiram, foram dois, todos debandaram para São Paulo em busca de chifre na cabeça de cavalo e também melhores condições de vida. Telefone era privilégio de poucos, daí mais barato e romântico era escrever cartas. Meu pai e minha mãe se comunicavam com eles e vice versa por cartas. Rapidamente comecei a escrever também as minhas para os manos. Minha mãe passava temporadas em com eles vez ou outra, para tratar da saúde e com ela também eu trocava correspondência, nessas temporadas. As cartas eram compostas de duas, três, as vezes até cinco folhas escritas a mão, a nos pôr a par do outro lado dos acontecimentos do dia-a-dia.

Nas adolescência, não trocávamos WhatsApp, mas endereço completo com CEP e tudo mais, para trocarmos cartas. Era ótimo enviar e receber textos feitos à mão. Textos implementados com desenhos, adesivos e as vezes até perfumes. Todo encontro de jovens ou outras interações da igreja em cidades vizinhas, onde reuniam jovens de várias cidades, trocávamos endereços a rodo. O foco eram as meninas, no caso dos meninos, mas havia também cartas de amizade. Com as candidatas a uma paquera não havia timidez para pedir o endereço, bastava uma interaçãozinha e já íamos logo pedindo: "Você me dá seu endereço?" Timidez nas cartas também não existiam, e a expectativa de uma resposta era tão bom quanto esperar um baile. Com minha esposa, no começo, dos flertes ao namoro de papel passado com chancela dos correios, nossas interações se davam na maioria das vezes por cartas, até que veio telefone e acabou a relação epistolar culminando noutro papel, a certidão do cartório que nos declarou marido e mulher.

Daí o tempo corre, como é de seu feitio, e a interação na igreja com suas necessidades de escrita, foram me conduzindo a escrever mais. No ensino médio tive aulas extras de redação, e quando comecei aos 18 anos os trabalhos de pesquisa e escrita para meu primeiro livro, fui me aperfeiçoando mais. Nesse tempo fui escrevendo por diversão crônicas e causos, influenciados pelo dia a dia e pelas leituras que fazia, incluindo nosso clássico Machado de Assis com sua fina ironia.

Na escrita, tinha e ainda tenho a oportunidade de ser eu mesmo. Sem as amarras sociais e meu superego pudico grilando na mente. Aqui posso dizer palavrões, falar besteiras e criar situações inusitadas, cenas surreais e também torna o sério hilário. Posso ser ácido ou dócil, poético ou seco em minhas percepções da realidade. Posso ser minha essência libriana: pacífico, sonhador e criativo e ao mesmo tempo ser meu ascendente em capricórnio seco, racional, frio e detalhista.

Enfim escrever é libertar-me de muitas amarras, mas e o mesmo tempo é ter prazer de construir, entreter e encantar quem me lê. As vezes até eu mesmo sou meu leitor. Vaidade ou não, narcisismo ou não me leio com frequência. Encontro que que espero, as vezes sim as vezes não, encantamento e diversão. Mas as vezes encontro pontos de melhora. Correções.

Por volta de 2010, passei a publicar meus textos e ter contato com outras pessoas do ramo pela internet. Empolguei-me, ampliei minha produção. Esfriei e voltei a ativa produtiva. Hoje a quase um ano na Associação Escritores e Cia, local onde me senti muito acolhido participo com gosto e vejo o quanto estar junto dos bons nos faz melhor. Estar no meio de quem gosta, reforça nosso gosto por escrever, nos desafia a produzir e a sair da zona de conforto, provocados que somos pelos prazos ou pelos novos estilos e categorias. Estou feliz nesse mundo de letras, palavras e construções literárias. Aqui quero ficar até o possível. E embriagar-me das possibilidades em ato e potência.

Gleisson Melo
Enviado por Gleisson Melo em 07/08/2024
Reeditado em 09/08/2024
Código do texto: T8123759
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