PASSEANDO HOJE PELA CHARMOSA RECOLETA
O ar matutino embora gélido no inverno de Buenos Aires
Oh, não! não “esfria” o amor daquele simpático casal
A caminhar [de braços dados] por uma das belas praças da Recoleta
A ter n’ela (sem dúvida) o seu peculiar estilo francês
Mais precisamente ... parisiense
Um verdadeiro charme
Se passam [todas] as estações, que isto importa?
Quando o melhor d’elas fica nas lembranças
E na mística memória do Tempo a verdade é que nada vai embora
Ainda que cremos que o tempo tudo ... devora!
Será mesmo ... tudo?
E seria, de fato, o Tempo ... inexorável, a se crer que ele tudo de nossas vidas afasta?
Talvez ... não (não... tudo!)
Mas, o que "fica", então?
As páginas de minha vida?!
Lembro-as de cor
Se vivi somente noites calmas?
É claro que não
Qual almirante (ou mesmo marinheiro) de longa data nunca experimentou
os fortes ventos do mar ou mesmo uma assombrosa tormenta a ponto de sentir
o pavor do desespero?
Oh! Caso diga que nunca o medo experimentou, certamente está mentindo
O céu estava totalmente aberto
A esculpir um extenso e incrível azul
Um vivo cerúleo em seu firmamento, portanto
A lembrar bem o azul claro da bandeira argentina
Nenhuma ameaça de chuva, nem mesmo um discreto chuvisqueiro
No entanto, um friozinho presente naqul’hora se fazia
Os movimentos de tudo ... nascem e morrem (no tempo)
Porém, enquanto deles lembrarmos vede que vivos estão
Ou, melhor se diga: presentes "realmente" estão (ainda que n’outra dimensão)
A vida s’esconde ...!
A se concluir que o que não vemos [no espaço ou no tempo] não quer dizer que não existe!
Curioso que mais uma vez aquele adorável casal [de mim] se aproxima
Vidas que já trafegaram um bocado d’estradas
E então, qual o real cálculo d’uma vida à dois que no tempo s’estendeu?
Pois bem, em nosso espaço ond’existe o relógio e o calendário, provavelmente
usaríamos os números (a ser o que temos!)
Mas, e n’uma dimensão onde inexistem números ou cálculos?
Como, pois, seria sua soma?
Buenos Aires é uma cidade inegavelmente nostálgica
Mas de um povo que quando a indignação [dele] se apodera, vede a gritar por justiça
E assim, que ninguém pense que lá é só tango e futebol
Não, de form'alguma
E o interessante que o Argentino tem, sim, muito orgulho de seu passado
O qual escrito está em todos os lugares
Até mesmo no chão das ruas
Se o dia d’hoje não morresse não nasceria o amanhã
Que no útero do tempo s’encontra (em estado de germinação)
Todavia, nenhum dos dias chorou a morte d’um outro
Sementes no presente
Colheitas no futuro (inevitavelmente)
Karma?!
E não é?
Cuidado! – E ouço agora a voz do tempo. – Cuidado, sim, com o que farás hoje
No espaço dos movimentos tudo começa e acaba
E tal não se aplicaria aos “sentimentos”?
Oh! Mas, e quem disse que o amor seria, na verdade, um “sentimento”?
Não, o amor transcende os sentimentos (vai além)
Assim como ultrapassa, e, portanto, excede tudo que sentido seja [no tempo]
Ao qu’eu ouso dizer que o amor tem uma grande vantagem ... sobre o Tempo
Meu Deus, às vezes me angustio ao conduzir-me por minha vagabunda imaginação
E me questiono caso quem me deixar hoje, se para sempre não mais haverei d’encontrá-lo
Já qu’em todo o encontro, n’ele já se instala sua partida
D’alegria de vidas que se aproximaram, mas que inevitável será ... a despedida
E minh’alma nest’instante chora...
Os carros rapidamente trafegam naquel’avenida
Impossível não repará-los
Ainda que uma preguiça boba busca [sempre] nos roubar a atenção
É simplesmente delicioso deitar na relva d’onde fica a Feirinha de Artesanato da Recoleta
Aquela mesma que fica em frente à suntuosa Faculdade de Direito
O Tempo é nosso dono, é fato
Sim, nós pertencemos a ele
E sei lá se desde antes de nascermos
Ou se o será também depois da morte
Quem sabe?!
E enquanto vivos estivermos é porque ele – o Tempo – nos guarda por sua misericórdia
A concluímos que somos dependentes do Tempo
E mais ainda de seu amor (sua eterna misericórdia)
Sim, somos filhos do Tempo e do Amor
Abre-se o sinal verde para os pedestres
Observo aquele casal a atravessar [na faixa] a larga avenida
E sempre juntos
Um apoiando o outro ...
Um cuidando d’outro ...
06 de agosto de 2024
IMAGENS: FOTOS PESSOAIS (REGISTRADAS POR CELULAR)
MÚSICAS:
"AL PACINO TEACHES THE TANGO (FULL CENE) SCENT OF A WOMAN
https://www.youtube.com/watch?v=p64QC00mqGs
"TANGO ARGENTINO"
https://www.youtube.com/watch?v=jst_PFEBgEw
******************************
FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES
PASSEANDO HOJE PELA CHARMOSA RECOLETA
O ar matutino embora gélido no inverno de Buenos Aires
Oh, não! não “esfria” o amor daquele simpático casal
A caminhar [de braços dados] por uma das belas praças da Recoleta
A ter n’ela (sem dúvida) o seu peculiar estilo francês
Mais precisamente ... parisiense
Um verdadeiro charme
Se passam [todas] as estações, que isto importa?
Quando o melhor d’elas fica nas lembranças
E na mística memória do Tempo a verdade é que nada vai embora
Ainda que cremos que o tempo tudo ... devora!
Será mesmo ... tudo?
E seria, de fato, o Tempo ... inexorável, a se crer que ele tudo de nossas vidas afasta?
Talvez ... não (não... tudo!)
Mas, o que "fica", então?
As páginas de minha vida?!
Lembro-as de cor
Se vivi somente noites calmas?
É claro que não
Qual almirante (ou mesmo marinheiro) de longa data nunca experimentou
os fortes ventos do mar ou mesmo uma assombrosa tormenta a ponto de sentir
o pavor do desespero?
Oh! Caso diga que nunca o medo experimentou, certamente está mentindo
O céu estava totalmente aberto
A esculpir um extenso e incrível azul
Um vivo cerúleo em seu firmamento, portanto
A lembrar bem o azul claro da bandeira argentina
Nenhuma ameaça de chuva, nem mesmo um discreto chuvisqueiro
No entanto, um friozinho presente naqul’hora se fazia
Os movimentos de tudo ... nascem e morrem (no tempo)
Porém, enquanto deles lembrarmos vede que vivos estão
Ou, melhor se diga: presentes "realmente" estão (ainda que n’outra dimensão)
A vida s’esconde ...!
A se concluir que o que não vemos [no espaço ou no tempo] não quer dizer que não existe!
Curioso que mais uma vez aquele adorável casal [de mim] se aproxima
Vidas que já trafegaram um bocado d’estradas
E então, qual o real cálculo d’uma vida à dois que no tempo s’estendeu?
Pois bem, em nosso espaço ond’existe o relógio e o calendário, provavelmente
usaríamos os números (a ser o que temos!)
Mas, e n’uma dimensão onde inexistem números ou cálculos?
Como, pois, seria sua soma?
Buenos Aires é uma cidade inegavelmente nostálgica
Mas de um povo que quando a indignação [dele] se apodera, vede a gritar por justiça
E assim, que ninguém pense que lá é só tango e futebol
Não, de form'alguma
E o interessante que o Argentino tem, sim, muito orgulho de seu passado
O qual escrito está em todos os lugares
Até mesmo no chão das ruas
Se o dia d’hoje não morresse não nasceria o amanhã
Que no útero do tempo s’encontra (em estado de germinação)
Todavia, nenhum dos dias chorou a morte d’um outro
Sementes no presente
Colheitas no futuro (inevitavelmente)
Karma?!
E não é?
Cuidado! – E ouço agora a voz do tempo. – Cuidado, sim, com o que farás hoje
No espaço dos movimentos tudo começa e acaba
E tal não se aplicaria aos “sentimentos”?
Oh! Mas, e quem disse que o amor seria, na verdade, um “sentimento”?
Não, o amor transcende os sentimentos (vai além)
Assim como ultrapassa, e, portanto, excede tudo que sentido seja [no tempo]
Ao qu’eu ouso dizer que o amor tem uma grande vantagem ... sobre o Tempo
Meu Deus, às vezes me angustio ao conduzir-me por minha vagabunda imaginação
E me questiono caso quem me deixar hoje, se para sempre não mais haverei d’encontrá-lo
Já qu’em todo o encontro, n’ele já se instala sua partida
D’alegria de vidas que se aproximaram, mas que inevitável será ... a despedida
E minh’alma nest’instante chora...
Os carros rapidamente trafegam naquel’avenida
Impossível não repará-los
Ainda que uma preguiça boba busca [sempre] nos roubar a atenção
É simplesmente delicioso deitar na relva d’onde fica a Feirinha de Artesanato da Recoleta
Aquela mesma que fica em frente à suntuosa Faculdade de Direito
O Tempo é nosso dono, é fato
Sim, nós pertencemos a ele
E sei lá se desde antes de nascermos
Ou se o será também depois da morte
Quem sabe?!
E enquanto vivos estivermos é porque ele – o Tempo – nos guarda por sua misericórdia
A concluímos que somos dependentes do Tempo
E mais ainda de seu amor (sua eterna misericórdia)
Sim, somos filhos do Tempo e do Amor
Abre-se o sinal verde para os pedestres
Observo aquele casal a atravessar [na faixa] a larga avenida
E sempre juntos
Um apoiando o outro ...
Um cuidando d’outro ...
06 de agosto de 2024