Antes de preparar o almoço dei outra passadinha no galinheiro. Já havia estado lá hoje bem cedo pela manhã, quando fui dar trigo e milho pras galinhas. Como hoje estava prometendo chuva, passei lá de novo porque se chove, não poderia ir. Tinha três ovos. Peguei-os e coloquei no bolso do casaco. Voltei para casa e vi que já estava na hora de preparar o almoço. Nunca mais lembrei dos ovos. Abri a porta da cozinha já pensando no almoço. Quando ficou pronto, chamei a Laura. Almoçamos e lavei os pratos, talheres, enfim limpei toda a cozinha. Como hoje Laura está inquieta, pois mais cedo não conseguia eu entender o que pedia, fui até o quarto dela ver como estava. Ela voltou a pedir alguma coisa que continuei a não entender. Ela não fala, nem faz mímicas, nem gestos, apenas me puxa, empurra, mas não dá nenhum indício do que realmente quer. Normalmente eu a entendo. Sei tudo dela com um olhar apenas, sei se tem dor, febre, angústia, tristeza, fome. Tudo! Ou quase tudo. Porque quando foge da rotina, demoro pra descobrir. Então, deitei na cama dela e a chamei pra deitar. Ela gosta muito e acha divertido estarmos juntas rindo, debaixo das cobertas, digo que a amo, ela faz carinhos. Mas desta vez, embora tenha deitado ao meu lado, puxou-me pelo braço, pedindo pra eu levantar. Obedeci. Quando olhei pra trás, tinha um ovo em cima da cama! Aflita, toquei no bolso, tinha outro lá. Eram três. E o terceiro? Procurei e ao levantar a Laura um pouco, lá estava o terceiro. Aliviada, já que todos estavam inteiros. Ovos caipiras são resistentes! A Laura não entendeu nada, então ri muito sozinha de mim, do meu descuido.
Continuarei tentando entender minha moça difícil!