O Fenômeno - Twiggy

A moda é passageira. A beleza, nem sempre.

Eu estava cansado dos meus versos, das minhas rimas e dos meus poemas que não foram terminados. Li e reli, cada um no seu canto, cada qual com a sua dor. A poesia é isso: ora encanta, ora desengana. Mas o que me cega é que não paro de escrever. Parece que uma mão invisível me toca e me faz seguir escrevendo e rimando. Dia sim, dia não, leio Maiakóvski. Até parece que ele vive nos meus pensamentos. Graças a Deus!

Resolvi então, hoje, falar sobre uma prosa de quando eu "Era um garoto que...amava Beatles e Rolling Stones".

Ocorreu nos anos 60.

Quando eu era jovem, vivia em uma cidade pequena, com algumas praças - para paquerar as meninas. Os meninos andavam no sentido horário e as meninas no anti-horário. As praças tinham um formato arredondado. As caminhadas tinham uma direção específica. Meninas do lado de dentro, meninos do lado de fora. Nós éramos jovens inocentes. Um pouco diferente do que vemos hoje.

As paqueras eram estranhas. As meninas usavam vestidos longos e rodados, só podíamos ver o artelho, o pondo de partida. Ficávamos encantados com as garotas com os tornozelos mais robustos. As menos favorecidas eram chamadas de "canelas de ema". Em 1966 houve a "Revolução dos anos 60", para a alegria das meninas. E dos meninos!

A grande responsável por tais mudanças foi a modelo Lesley Hornby, que quando tinha 16 anos, junto com sua magreza e com o seu namorado, Justin de Villeneuve, se tornou o rosto da geração 66, graças a um estilo composto por longos cílios postiços e um corte de cabelo curto, que logo se tornou símbolo da época. Com saias de comprimento "duvidoso" e sapatos de salto baixo, conquistou a juventude inglesa, ajudando a criar um estilo londrino autêntico. Um nome para ficar na história da moda - Twiggy.

Ela não era só bonita. Sua maquiagem é uma marca forte da sua influência. Várias camadas de cílios e desenhos com lápis na parte de baixo, representando a força feminina e, ao mesmo tempo, a ingenuidade daqueles tempos.

A aparência andrógina de Twiggy fazia o contraponto perfeito para a moda unissex, que ganhava cada vez mais espaço naquela década. Assim, lançou tendências atemporais que influenciaram a moda - tudo junto e misturado, gravatas, camisas de botão e chapéus masculinos.

No auge de sua atividade em 1970, com 21 anos, encerrou precocemente a carreira de modelo dizendo: "ninguém pode ser um cabide de roupas para sempre". A partir daí resolveu dedicar-se às carreiras de cantora e atriz.

Mais do que isso, me fez entender que aquelas que via como canelas de ema, eram, na verdade, belas meninas, para os padrões ora estabelecidos.

Twiggy, aos 74 anos, continua sendo um nome importante na cena atual. Estrelou campanhas da loja britânica Marks & Spencer, lançou uma linha de roupas chamada Twiggy London.

Seu corpo longilíneo e silhueta magérrima marcaram a história da moda.

Era um garoto, mas continuarei seu fã.